Ebulição antissistema
Nada de celebrações pelo sexagésimo aniversário do Tratado de Roma e do Mercado Comum, em 25 de março. O estandarte europeu perdeu seu brilho enquanto as políticas da União se revelaram desastrosas. Movimentos antissistema florescem em toda parte. Em certos países, eles situam-se à esquerda. Mas muitos deles fazem da xenofobia seu principal combustível
Há 25 anos, a expressão “movimento antissistema” era frequentemente empregada, sobretudo pelos sociólogos Immanuel Wallerstein e Giovanni Arrighi, para descrever as diversas forças de esquerda hostis ao capitalismo. Hoje em dia, ela permanece pertinente no Ocidente, mas seu significado mudou. Os movimentos contestatários que se multiplicaram ao longo dos dez últimos anos não se rebelam mais contra o capitalismo, mas contra o neoliberalismo – ou seja, a desregulamentação dos fluxos financeiros, a privatização dos serviços públicos e o aprofundamento das desigualdades sociais, essa variante do reino do capital colocada em prática na Europa e nos Estados Unidos depois dos anos 1980. A ordem política e econômica daí decorrente foi aceita de maneira quase indistinta por governos de centro-direita e de centro-esquerda, consagrando o princípio do pensamento único ilustrado pela máxima de Margaret Thatcher: “Não há alternativa” (“There is no alternative”, ou Tina). Dois tipos de movimento se desenvolveram em reação…