SEXO INVISÍVEL

Sexo invisível tem como tese central demonstrar que o papel da mulher no período Paleolítico foi muito mais ativo do que supunha a antropologia e a arqueologia. Estudos têm comprovado que, tanto as mulheres elaboravam instrumentos de caça quanto caçavam, e que os homens também se dedicavam a trabalhos manuais, como costurar peles e redes. Os autores analisam que os estudos arqueológicos tradicionais sobre o desenvolvimento da espécie humana excluíram a participação ativa da mulher na construção da cultura. Para criticar essa posição, eles borram as tradicionais fronteiras da pré-história e elaboram uma análise em que o gênero do indivíduo não é decisivo para o tipo de trabalho que desempenha. O resultado dessa análise é a demonstração de que a mulher teve um papel muito mais importante do que se pensava e que, possivelmente, foi a grande impulsionadora da sociabilidade humana. É importante salientar que os autores, assim como os mais recentes estudos da paleontologia, indicam que possivelmente o desenvolvimento da linguagem e dos modos de comportamento social esteve, na maior parte das vezes, a cargo das mulheres. Os autores sustentam que a probabilidade de terem sido elas as primeiras agricultoras, ou ao menos as iniciadoras de tal atividade, são enormes. Pode-se dizer que a partir de estudos como este, e à luz desse novo olhar da antropologia e da arqueologia, é possível levantar algumas conclusões quase indiscutíveis: somente pela cooperação entre os dois sexos, a humanidade assegurou a sobrevivência da espécie. Essa comunhão parece ter sofrido uma ruptura quando o surgimento da agricultura assentou as bases da civilização. De toda forma, cabe resgatar a figura dessas mulheres anônimas que deixaram sua marca na pré-história da humanidade, talvez inventando a linguagem e, com mais certeza, a agricultura, ao lado dos homens na obtenção dos alimentos e inventando, com seus tecidos, uma das ferramentas mais úteis de toda a história: a corda.