A cilada da violência
O discurso do simples endurecimento da política de segurança por si mesmo, ao invés de solucionar a crise, a agravará ainda mais
O discurso do simples endurecimento da política de segurança por si mesmo, ao invés de solucionar a crise, a agravará ainda mais
Circulam entre policiais e moradores de favelas rumores de que alguns chefes do tráfico estariam agora incentivando roubos e participando de seus lucros, em vez de reprimi-los. É a resposta a essa transformação que parece pautar as recentes iniciativas de reforço na segurança pública, que culminaram com a intervenção federal
Em entrevista exclusiva ao Le Monde Diplomatique Brasil, a diretora executiva da Anistia Internacional Jurema Werneck analisa a escalada de violência no estado do Rio de Janeiro: “Está vivendo as consequências da ausência completa de política de uma segurança pública efetiva e estratégica – que foque na prevenção e não na repressão, ou que priorize o controle de armas e redução de homicídios”.
Nadine Nascimento
Segundo o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, 74% das prisões por tráfico de drogas em São Paulo contaram apenas com o testemunho dos policiais que realizaram a apreensão do acusado, e, em 76% de todos os inquéritos policiais da cidade, os agentes que participaram da prisão foram ouvidos como testemunhasAnderson Lobo da Fonseca
Tráfico de drogas, assassinatos, extorsão e, cada vez mais, administração pública. A participação de organizações criminosas no Estado mexicano parece não ter limites. O massacre de 43 estudantes em setembro catalisou a cólera da população.Rafael Barajas e Pedro Miguel
Neste ano, as cerimônias e altares do Dia dos Mortos não foram destinados a personalidades da arte popular. As canas, laranjas, tejocotes, velas, incensos, caveirinhas de açúcar e flores de cempaxúchitl foram oferecidos aos estudantes desaparecidos que hoje contam a história de um México que se revelaVictoria Darling
O comércio do aço não vem de imediato à mente quando se evocam organizações criminosas. No entanto, a “guerra às drogas” lançada pelo ex-presidente Felipe Calderón (2006-2012) forçou os cartéis a diversificar suas atividades…Ladan Cher
Discretos sobre o sucesso dos governos latino-americanos de esquerda, os grandes meios de comunicação o são igualmente quanto… aos fracassos dos poderes conservadores… Aí incluídos os assuntos de segurança. Em setembro, 43 estudantes foram assassinados quando protestavam contra reformas liberais na educaçãoSerge Halimi
No dia 23 de dezembro de 2013, o presidente uruguaio José Mujica aprovou um projeto de lei para criar um mercado regulamentado e legal da maconha. Com a medida, ele tornou-se o primeiro chefe de Estado a legalizar a produção e a venda – em uma rede de farmácias – de uma droga proibida em toda parteJohann Hari
No meio do caminho entre a América Latina e a Europa, o oeste da África se tornou um centro comercial do tráfico de cocaína. Em todo itinerário que percorre, o dinheiro do comércio de drogas permite comprar numerosos intermediários, especialmente políticos, e contribuiu para a desintegração dos EstadosAnne Frintz
A campanha presidencial mexicana – marcada por um inédito movimento estudantil que denuncia o apoio de grandes grupos privados da mídia ao candidato do PRI, Enrique Peña Nieto – confirma a preocupação central da população: sobreviver à violência cotidiana desencadeada pelo tráfico de drogasJean François Boyer
A repressão ao comércio ilícito de entorpecentes atinge principalmente os consumidores e produtores. Contudo, o mercado é dominado pelo crime organizado e seus aliados indispensáveis, sem os quais não pode prosperar. Em particular, os bancos