A indestronável monarquia britânica
Depois da Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales, o norte da Inglaterra experimenta um movimento político em favor da independência. Tensões nacionalistas, caos parlamentar por ocasião do Brexit, fiasco na luta contra a Covid-19: a tempestade parece estar varrendo tudo no Reino Unido. Tudo exceto a Coroa, que continua a proporcionar um senso de coesão à maioria dos britânicos
Tendo percorrido as ruas de Londres em júbilo no dia da coroação da rainha em 1953, os sociólogos Michael Young e Edward Shils qualificaram o evento de “grande ato de comunhão nacional”. Fazia todo o sentido, escreveram eles, como “experiência não individual, mas coletiva”, que unia milhares de famílias em um fervor popular que lembrava a celebração da vitória sobre a Alemanha nazista. O ar vibrava com o calor humano; até mesmo os batedores de carteira tinham parado de trabalhar, e reinava um espírito de comunhão que teria horrorizado “aqueles que têm o viés racionalista das pessoas educadas de nosso tempo, especialmente aqueles de disposição política radical ou liberal”.1 Hoje, enquanto as desigualdades não param de se aprofundar no Reino Unido, a monarquia parece ter conservado sua popularidade. Quase dois em cada três britânicos aprovam sua existência. São apenas 22% a desejar seu desaparecimento, sendo os mais hostis os escoceses.…