A Síria, uma nova Atlântida?
O mortífero terremoto de 6 de fevereiro agravou as provações sofridas pelo povo sírio. Em um país devastado por onze anos de guerra e onde atua uma dezena de protagonistas, essa catástrofe abre para o presidente Bashar al-Assad novas possibilidades de romper seu isolamento diplomático, ainda que à frente de um Estado que perdeu parcelas inteiras de sua soberania
O regime sírio não se abala nem com a taxa de pobreza, que atinge 90% da população, nem com a insegurança alimentar, que fustiga 12 milhões de pessoas. Tal estabilidade é ainda mais impressionante se considerarmos que, em uma população de 21 milhões de pessoas, perto de 5 milhões estão refugiadas no exterior e mais de 7 milhões são deslocados “internos”. Essa situação é consequência de uma política de repressão sem precedentes contra qualquer adversário do poder, da impotência de uma oposição dividida e do caráter imexível de Bashar al-Assad à frente de seu clã. Nesse contexto, o tremor de terra que custou a vida de quase 6 mil sírios aparece como uma oportunidade para o governante de Damasco romper seu isolamento diplomático, notadamente no seio da Liga Árabe, onde o país perdeu sua cadeira em 2011. Diversas vozes, tanto no Ocidente como no mundo árabe, elevaram-se para defender a…