A impunidade do racismo ambiental marca o presságio da COP 28
Quando estive na COP 28, por várias vezes tive a forte sensação do “fim do começo”. Com tantas pautas em jogo e tamanho pessimismo, eu não conseguia parar de pensar em Maceió, nas favelas e periferias do Brasil, nas cicatrizes das enchentes e inundações no Sudeste, Nordeste e Norte que testemunhamos em 2023. Verdade seja dita: nosso país foi construído sob a lógica do racismo ambiental
Encerramos 2023 com o sentimento ambíguo de fim de ano com fim de mundo. Na reta final, assistimos à maior conferência global do clima da história ser protagonizada no ano mais quente dos últimos 125 milênios. Muitas pautas e mecanismos estavam em jogo. O Brasil, após quatro anos de negacionismo climático do governo Bolsonaro, esteve em peso na cúpula do clima, com a maior delegação de todos os tempos. Entre os 24.488 representantes de 195 nações presentes, respondemos por 5,5% do total. Chegamos à Península Arábica com reforço e sob nova governança climática federal. O que isso implica na prática? Na verdade, pode significar um universo de contradições e poucas respostas. A começar pelo fato de que, enquanto vivenciávamos a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, o maior desastre ambiental urbano do mundo acontecia em tempo real no Nordeste do Brasil. Maceió, capital litorânea de Alagoas, vivia…