Miscelânea
PRAIA ARTIFICIAL Evandro Cruz Silva, Patuá “Praia artificial” é uma tese: uma tese sobre um sentimento e uma cor – um sentimento-cor, como a leitora vem a descobrir – que compõem juntos a condição do indivíduo negro no Brasil contemporâneo. “Negro”, por sinal, é palavra que aparece uma única vez em toda a obra: em posição de destaque, entre aspas e autorreflexiva, é a última palavra do último parágrafo do último episódio. Surge como conceito e, simultaneamente, como adjetivo – não como atributo de um nome qualquer, o que acusaria certo estado de heteronomia típico das classes de palavras fracas e dependentes de outras funções gramaticais mais fortes, mas como verbete de dicionário: autônoma, ímpar, melancólica. “Praia artificial”, de seu lado, é a crise de indeterminação que acomete a “cria mestiça” – como a descreve com ironia o narrador de um dos contos – em um país onde a miscigenação…