O Brasil que escolheu as commodities e esqueceu a vida
O Brasil no singular que conhecemos é um projeto de homogeneização de paisagens, de uniformização de agendas culturais, de padronização de pacotes alimentares com veneno, de produção em massa de autoritarismo e de destruição em massa de nossos biomas. Esse país no singular é violento, mas teve sua violência transformada em heroísmo
A escolha política de distintos governos na América Latina, no início do século XXI, de exportar commodities agrícolas e minerais como caminho único de desenvolvimento aprofundou uma forma peculiar de expansão de fronteiras capitalistas, em que a produção de riqueza se dá pelo cercamento dos territórios da vida de povos, grupos e comunidades. Essa escolha atravessou governos de espectros político-ideológicos distintos e, em razão dela, a exportação de bens primários se tornou o motor de inserção dependente da América Latina na geoeconomia global. No Brasil, já na primeira década do século XXI, as exportações de bens primários ultrapassaram as de manufaturados e, assim, o país viu crescer a área plantada de soja em 166,5% e decrescer as áreas plantadas de arroz, feijão e mandioca, em 51,6%, 36,9% e 25,3%, respectivamente, entre 1999 e 2018 (IBGE, 1999, 2018). Este texto quer falar das muitas catástrofes desse Brasil que escolheu as commodities…