O naufrágio da universidade francesa
Alunos à procura de uma universidade, professores exasperados, faculdades à beira da asfixia… A volta às aulas na França não é nada auspiciosa. Para reduzir os fundos públicos consagrados ao ensino superior, os governos previram normas quantitativas e dispositivos que conduzem ao fortalecimento da burocracia. Para além do absurdo…
O ensino custa caro. Como não ser tentado a reduzir seu valor? O Estado neoliberal não tem a primazia dessa preocupação administrativa, concebida como uma exigência de racionamento. A resposta principal que se dá a ela – limitar os efetivos – se confunde mais ou menos com uma seleção social. Esquece-se um pouco que Maio de 68 nasceu como reação aos planos de economia de um poder assustado pela explosão dos efetivos universitários, ou ainda que a Lei Devaquet1 suscitou a forte mobilização em 1986. A rejeição a esses projetos não alterou nada: a universidade permanece na linha de frente. Os governantes acreditam haver ali uma fonte de economia pelo número de funcionários, por sua fraca capacidade de mobilização, pela pouca eficiência de um primeiro ano marcado pela “repetência escolar” – ainda que esta não se deva à universidade, e sim ao baccalauréat [ou simplesmente bac, equivalente francês do Enem…