Os militares da Guiné na grande disputa africana
Diferentemente de outros golpistas da África Ocidental, o coronel guineense Mamadi Doumbouya viajou para a Assembleia Geral das Nações Unidas em 21 de setembro. Desde sua ascensão ao poder, em 2021, ele tem realizado uma série de reuniões oficiais e não oficiais, construindo sua rede diplomática enquanto exerce um controle autoritário sobre os recursos minerais de seu país
“Não podemos ser o segundo produtor [mundial] de bauxita e nos curvar diante da comunidade internacional”,1 afirmou, com ar fanfarrão, Morissanda Kouyaté, ministro das Relações Exteriores do governo de transição da Guiné, em uma sessão de debates no Parlamento em 26 de abril de 2023. O Comitê Nacional do Reagrupamento para o Desenvolvimento (CNRD) – junta comandada pelo coronel Mamadi Doumbouya desde o golpe de Estado, em 5 de setembro de 2021 – não parece ter pressa de organizar as eleições, oficialmente previstas para 2024, visando devolver o poder aos civis. Há dois anos, os golpistas de Conacri não fizeram quase nenhum gesto nesse sentido. Apesar disso, eles se submetem um pouco a pressões internacionais, ao contrário de seus homólogos do Sahel.2 Como explicar uma diferença de procedimento como essa? Ao contrário dos militares que tomaram o Estado em Burkina Faso, Níger e Mali, a junta da Guiné optou por…