No Reino Unido, a volta do extremo centro
Após catorze anos de governo conservador, os trabalhistas venceram as eleições gerais britânicas de 4 de julho. No entanto, ninguém acredita em uma ruptura. Assim como seu antecessor, o novo primeiro-ministro, Keir Starmer, professa a “moderação” após a era do Brexit. Ainda assim, os tumultos racistas do verão e as reações que eles provocaram confirmam a guinada à direita no campo político nacional
Derrotadas as forças desestabilizadoras, confirmada a supremacia do centrismo: as eleições gerais britânicas de 4 de julho realizaram os desejos do establishment. Após um longo reinado marcado por escândalos de corrupção e convulsões econômicas (2010-2024), o Partido Conservador sofreu o pior revés de sua história, com apenas 121 dos 650 assentos na Câmara dos Comuns. O Reform UK, partido de direita radical liderado por Nigel Farage, conquistou apenas cinco assentos; o Partido Nacional Escocês caiu de 48 para 9. Mais importante ainda, o Partido Trabalhista, sob a nova liderança de Keir Starmer, elegeu 411 deputados, com um programa de disciplina fiscal, defesa do livre mercado e lealdade à Otan. No entanto, a eleição registrou a menor participação desde 2001 – 60%. Com 34% dos votos válidos, o Labour atraiu apenas 9,7 milhões de eleitores, menos do que em 2017 (12,9 milhões) e em 2019 (10,3 milhões), quando era liderado pelo…