Resultado do Ideb 2019 precisa ser visto com cautela por causa da pandemia
Todas as etapas de ensino no Brasil apresentaram avanço no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2019. Apesar disso, a meta foi cumprida apenas nos anos iniciais do Ensino Fundamental
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Brasil passou de 5,8, em 2017, para 5,9, em 2019, superando a meta nacional de 5,7 – considerando tanto escolas públicas quanto particulares. Nos anos finais do Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, avançou de 4,7 para 4,9. No entanto, ficou abaixo da meta fixada para a etapa, 5,2. O Ensino Médio passou de 3,8 para 4,2, ficando também abaixo da meta, que era 5.
Se observado apenas o índice do Ensino Médio das redes estaduais, responsáveis pela oferta da última etapa da Educação Básica, de 2017 para 2019 o crescimento foi o maior da série histórica. O indicador passou de 3,5 para 3,9. Mesmo assim, ficou abaixo da meta de 4,6. Os dados foram apresentados em setembro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e mostraram uma saída da estagnação da última etapa da Educação Básica, que vinha desde 2009.
Apesar de positivo, o avanço precisa ser visto com cautela diante dos graves problemas que a pandemia da covid-19 vem causando na educação, com fechamento das escolas e dificuldades de ofertar atividades remotas de maneira equânime para os estudantes.
Especialistas apontam que o avanço não compensa os vários anos de estagnação. Assim, não é possível relaxar. Segundo Mirela de Carvalho, gerente de Gestão do Conhecimento do Instituto Unibanco, o desafio para o Ideb 2021 será grande, visto que será necessário combater a evasão escolar e recuperar as desigualdades educacionais agravadas pela pandemia. “Vamos ver como a gente vai conseguir, no retorno, fazer esse trabalho de recuperação dessas crianças e jovens. Se elas já tinham lacunas de aprendizagem trazidas das séries anteriores, agora, com a pandemia e o afastamento das aulas, isso tende a piorar muito”, ressaltou em entrevista concedida ao jornal Correio Braziliense.
Desigualdades
A trajetória da rede privada é bem distinta da pública. Os períodos iniciais, de 2005 a 2011, são de estagnação, porém em um nível mais alto. Há queda forte de desempenho entre 2011 e 2015. O período a partir de 2015 é de recuperação e, em 2019, o Ideb chega a 6.
A melhora na rede pública foi mais acentuada e, como resultado, a desigualdade em relação à rede privada vem caindo lentamente. Em 2005, o resultado da rede privada era 1,9 vezes (quase o dobro) maior que o da rede pública. Em 2019, essa diferença caiu para 1,5.
Em entrevista ao jornal O Globo, no dia 15 de setembro, Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco, ressaltou a intensidade com que a pandemia afeta a última etapa da Educação Básica. “Finalmente colocamos o trem no trilho e agora era só acelerar, mas aí a pandemia atravessa isso. O efeito da crise do coronavírus para o Ensino Médio é mais potente, porque pode pressionar por mais evasão e abandono, no caso de pessoas que precisem recuperar sua renda”.
Para o superintende do Instituto Unibanco, o resultado positivo deve-se ao foco que os estados tiveram para aprendizagem, definindo metas, engajando redes. “Houve uma gestão escolar muito forte. Antes mesmo da reforma do Ensino Médio, várias redes refizeram sua estrutura curricular. Elas passaram a fazer avaliação externa, com provas regulares, usando a devolutiva pedagógica como forma de fazer uma leitura sobre a aprendizagem de cada escola, e não algo genérico”, explicou em entrevista ao O Globo.
Para conhecer os dados do Ideb 2019, acesse artigo do Observatório de Educação: Ensino Médio e Gestão: https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/em-debate/conteudo-multimidia/detalhe/ideb-2019-ensino-medio-avanca-mas-resultado-precisa-ser-visto-com-cautela-por-causa-da-pandemia