A REVOLUÇÃO VENEZUELANA

Venezuela, tão perto, mas tão longe. Embora seja um país vizinho, tem uma história que é muito pouco conhecida pelos brasileiros. Talvez isso se deva à falta de acontecimentos espetaculares durante boa parte do regime puntofijista: de 1958 até 1989, à exceção do breve período em que a guerrilha chegou a ameaçar as forças da ordem, a pátria de Bolívar viveu uma aparente tranquilidade. Nada de rupturas institucionais, tampouco projetos populares vitoriosos.  
Recentemente, com o polêmico governo de Hugo Chávez, o país tem despertado a atenção de muita gente: o presidente soube utilizar seu prestígio junto às grandes maiorias para superar o golpismo da oposição e de seus aliados externos. Desenvolveu projetos sociais e afirmou: trata-se de uma revolução. Assegurou, até mesmo, que o socialismo seria o fim último do processo que liderava.
O interesse aumenta e a grande mídia pinta um Chávez louco e antidemocrático. Diante de tanta desinformação, é bem-vindo o livro A Revolução Venezuelana, de Gilberto Maringoni. De forma simples e direta, ele explica algumas das razões estruturais da débâcle do puntofijismo e descreve o governo de Hugo Chávez. O ponto alto do livro é a análise do golpe de abril de 2002: “Foi um pronunciamento midiático”.
Apesar de o livro ser uma boa referência para os que pretendem iniciar seus estudos sobre a Venezuela, discordamos de um ponto fundamental do mesmo: o de que a revolução venezuelana ainda está por acontecer. Em nossa opinião, a revolução venezuelana já está em curso, porquanto Chávez, ao democratizar o Estado e conscientizar milhões de venezuelanos, garantiu por um bom tempo o acesso do povo ao poder. Além disso, o controle da PDVSA, as nacionalizações e a promoção de novas indústrias iniciaram um período de importantes mudanças estruturais na economia.