A teoria da revolução no jovem Marx
Originalmente concebida como tese de doutorado, defendida em 1964, na Sorbonne, sob orientação de Lucien Goldmann, mas publicada em livro apenas em 1970, a obra continua uma referência para os estudiosos de Marx e do marxismo. Nesse livro, seu primeiro grande trabalho teórico, Löwy revela uma leitura singular do marxismo, que caracterizaria (com nuances e inflexões) toda sua trajetória intelectual, ainda hoje infatigavelmente ativa.
Além da influência metodológica de Goldmann (e de sua redefinição sociológica das teses de História e consciência de classe, de Lukács), a interpretação do pensamento do jovem Marx, realizada por Löwy, é de inspiração política “luxemburguista”, assentada na ideia de que a emancipação social não pode ser senão uma autoemancipação dos oprimidos, em cuja práxis revolucionária coincidem a transformação das condições objetivas e a mudança subjetiva dos sujeitos em luta.

Não por acaso, a “teoria da revolução” é, para Löwy, o eixo que articula, no jovem Marx, a confluência das diversas problemáticas (filosofia, economia e política) que, juntas, constituirão – sobretudo a partir de 1845, com as Teses sobre Feuerbach – o corpus teórico do que viria a ser o marxismo. Por isso, na contramão do althusserianismo hegemônico nos anos 1960, a formação do pensamento de Marx é compreendida não como desenvolvimento de um sistema conceitual autônomo e “fechado”, e sim como expressão teórico-dialética (dinâmica) das potencialidades políticas do proletariado então emergente.
No livro, portanto, além de contribuir para os debates marxistas sobre a gênese do marxismo, Löwy formula as bases de uma leitura “aberta” dessa tradição teórica, o que lhe permitiria, mais tarde, com o auxílio das reflexões de Walter Benjamin, interpelar os novos desafios impostos pela crise ecológica (e civilizatória) contemporânea e pelo congestionamento histórico das grandes narrativas abstratas do progresso.