CONTESTADO – A GUERRA DOS EQUÍVOCOS
Além de livros de História e outras ciências, nos últimos anos foram produzidas algumas obras literárias tendo o “Contestado” como pano de fundo, como os trabalhos de Guido Wilmar Sasse, Beneval de Oliveira, Noel Nascimento, Telmo Fortes, Enéas Athanazio, Donaldo Schüler, Sanford de Vasconcellos, Godofredo de Oliveira Neto, Edson Ubaldo, Alcides Ribeiro da Silva, Átila José Borges e Fredericindo Marés de Souza, entre outros.
Agora, o premiado escritor catarinense, Walmor Santos, vem enriquecer o acervo literário existente sob a temática “Contestado”, despontando, em 2009, com uma excelente obra de ficção inspirada em fatos históricos. Ele revela que decidiu produzir ao menos dois livros sobre a temática da guerra do Contestado, por ele caracterizada como “a guerra dos equívocos”, sendo o primeiro aqui apresentado com o subtítulo O poder da fé, onde insinua a continuação no volume dois, de subtítulo A fé no poder.
A guerra dos equívocos constitui-se num dos romances mais bem fundamentados em episódios reais dessa guerra civil ocorrida em Santa Catarina entre 1913 e 1916, o que lhe permite ser valiosa fonte de informações, haja vista a profundidade da coleta de dados realizada pelo autor, ainda que acrescente algumas personagens e manifestações ilusórias. Walmor esbanja categoria na compreensão dos fundamentos desse movimento que se mantém em permanente contradição.
Neste livro, Walmor Santos apresenta a dicotomia existente naquela época entre o catolicismo ortodoxo dominante na aristocracia e no poder do Estado e o catolicismo caboclo enraizado no seio das famílias dos sertanejos que habitavam o espaço livre das terras contestadas. Seu escrito expõe as crateras ideológicas fundamentais para a deflagração dessa revolta camponesa. Partilhamos da mesma opinião: no fundo, o episódio projetou uma “limpeza étnica” realizada pelo Estado num cobiçado terreno destinado ao capitalismo imperialista e à ocupação por novos tipos de gentes.