Cuba sem bloqueio

O livro cumpre muito bem os objetivos que motivaram a elaboração da obra, sintetizados de forma feliz no título. Trata-se de um estudo desmistificador do amplo conjunto de (des)informações que permeia boa parte das análises críticas do processo iniciado na ilha em 1959, em que a ideologia se sobrepõe ao rigor intelectual. Sem negar sua simpatia pela revolução, os autores dão conta de um exaustivo e minucioso desbloqueio informativo.

Em seus doze capítulos, são apresentados os grandes logros e desafios da revolução, em dimensões como qualidade de vida, saúde, educação, esporte, política externa e sistema político, entre outros, com amplo acesso a fontes, especialmente do interior de Cuba. O livro é muito bem escrito e com boa fundamentação da posição dos autores com relação ao seu objeto de análise.

Certamente, o tema é polêmico. A trajetória da revolução cubana sempre despertou acalorados debates não apenas em âmbitos conservadores, mas dentro da própria esquerda. Como dissemos, os autores deixam claras suas posições e compõem uma obra em que os elementos associados ao conhecimento da realidade se combinam estreitamente com a defesa do sistema político vigente no país. Na medida em que essa vinculação é componente essencial da estrutura da obra, não vejo problema ou contradição com o objetivo anunciado no título, de desbloqueio informativo sobre Cuba.

Trata-se de um livro que, mesmo que permeado por posicionamentos político-ideológicos, traz para o leitor brasileiro aspectos pouco conhecidos sobre uma realidade cuja complexidade impõe o tratamento profissional e competente dado por Saito e Haddad. Como principal destaque, chamo a atenção para a exaustiva pesquisa de fontes, incluindo documentos, estudos e entrevistas com a população e intelectuais importantes, realmente uma contribuição para todos aqueles que, em seus diversos campos de atuação, têm interesse em conhecer e compreender a realidade cubana.