Cultura pela palavra
Os autores nos informam nesta obra sobre as políticas públicas de cultura colocadas em prática durante o governo Lula. Desde o discurso de posse no Ministério da Cultura (MinC), o ministro Gil já anunciava que formular políticas culturais também é fazer cultura. Eis que nesse livro a palavra cultura vem adensada pelas relações que tece com as tecnologias digitais, a diversidade, a cidadania, a economia e a expressão artística, o que mostra a globalidade do conceito de cultura, vista como o coração do desenvolvimento e como assunto de Estado.
Depois dos ventos neoliberais, o redimensionamento da atuação do Estado como “servidor” público se deu pela guinada nas políticas culturais. O MinC precisava se atualizar em sua legislação, estrutura e conceitos para cumprir seus deveres, retomando sua tarefa de formulador, fomentador e executor de ações diretas no campo da cultura sem terceirizar suas ações. As reações são imensas quando se fala em democratizar a cultura, a educação e a mídia no Brasil, vindas de parte das camadas dominantes (veja-se Ancinav e Procultura). O livro afirma a importância de um Programa Cultura Viva, contraponto às leis de incentivo, que investiu na cidadania cultural, energizando as culturas criativas populares, pontos vitais do país, aliás, ressoando na América Latina até hoje.

Note-se também a importância dada a um novo conceito de desenvolvimento sustentável, que atravessa o livro não mais como mero crescimento econômico, além de elevar a questão da diversidade como base do diálogo intercultural internamente e entre os povos. As artes foram ampliadas, incluindo formas não tradicionais como artesanato, moda e design. O sentido das artes significou também pensar a ampliação do sentido estético da vida.
Essa obra faz repensar uma rica e vibrante experiência de gestão cultural no Brasil. Essas palavras, impregnadas do “jogo infinito”, abrem nossa imaginação, criando a possibilidade de refundação das políticas culturais no Brasil. A imaginação criativa, enfim, ganha corpo nesses discursos culturais.