DA POBREZA AO PODER
Desigualdade: a renda dos 500 bilionários mais ricos supera a dos 41 milhões mais pobres do mundo. Pobreza: uma em cada seis pessoas no planeta sofre os efeitos da pobreza, da fome, da doença e da incerteza a respeito do cotidiano e do futuro. Colapso ambiental: os mais pobres são os primeiros a pagar a conta – que chegará a todos – das fartas emissões de carbono dos países ricos.
Frente a esse presente injusto e ao futuro desolador, Duncan Green busca um mapa para um mundo melhor a partir do trabalho de entidades da sociedade civil que apoiam a organização das pessoas e comunidades pobres na construção e demanda de seus direitos. Sua análise se baseia na experiência da Oxfam Internacional e seus parceiros, e em discussões com ativistas e acadêmicos.
A clave desse mapa está no diálogo entre elementos da agenda esquecida do desenvolvimento – redução da desigualdade, redistribuição, papel do Estado – com aqueles apreendidos na resistência aos anos de hegemonia neoliberal: democratização do poder, participação, cidadania e luta por direitos.
A experiência nos mostra que a redistribuição necessária de poder, oportunidades e recursos pode ser alcançada por meio de uma combinação de cidadãos ativos e Estados efetivos. Essa combinação deve propiciar a redistribuição de poder nos mercados, visando que o crescimento opere a favor dos pobres; promover uma concepção de segurança humana que, combinando proteção social e acesso ao sistema financeiro, reduza o risco e a vulnerabilidade da população; e revisar as formas desiguais de governança global, para que fenômenos como mudanças climáticas, fluxos de capitais, migração, conflitos ou comércio e investimentos sejam geridos de maneira a reduzir a pobreza e a desigualdade.
O mapa existe. Mas sem redistribuição de poder a alternativa de um acordo global para um mundo mais justo e sustentável entre os “que têm” e os “que não têm” dificilmente será alcançada.