Diários da floresta
Década de 1970: o Brasil sob o tacão dos militares, a Amazônia alardeada como a nova fronteira do país, desmatamento, disputas de terras, vilas e cidades para serem povoadas. As notícias de matanças de índios saem estampadas nos jornais como tragédias inevitáveis, o preço a ser pago pelo progresso.
Boa parte dessa história pode ser vislumbrada no relato apaixonado de Betty Mindlin em Diários da Floresta. Betty acompanhou os primeiros anos de contato do povo Suruí, de Rondônia, com as frentes de expansão, que ameaçavam se apossar de seus territórios, e com a Funai, que tentava protegê-los. Viveu durante meses no meio da mata, hospedada na casa grande do chefe da aldeia, experimentando as alegrias e as dores da vida cotidiana dos Suruí. Eles sobreviveram e os diários de campo de Betty são um hino de amor a esse povo indígena. São também esboços de um diálogo entre dois mundos, que ela busca compreender, na tentativa de encontrar os caminhos para a salvação de ambos. Betty sente que o mundo indígena tem muito a oferecer ao mundo brasileiro, mas se fragiliza diante do poder avassalador e da atração inebriante da tecnologia.

Diários da Floresta nos traz, com intimidade, o mundo mágico dos índios e o drama da história recente brasileira. Betty escreve como se estivesse falando a amigos, compartilhando seus momentos e chamando-nos a viajar com ela pelas estradas poeirentas de Rondônia e a comer os cajuzinhos silvestres, com gosto de framboeza, que os índios lhe dão.