Fotojoranlismo e legalidade (1961): última hora Rio-Grandense

A Campanha da Legalidade ocorreu em 1961 após a renúncia do então presidente Jânio Quadros. Como o vice, João Goulart, estava em viagem diplomática à China, uma junta militar assumiu o governo provisório. Apoiados pelo Exército norte-americano, que temia a instauração de um governo de esquerda no país, os militares brasileiros ameaçavam derrubar o avião de João Goulart se ele tentasse voltar para assumir o cargo.

Diante do clima de instabilidade política, uma revolta civil e militar foi organizada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que proferiu um discurso no dia 27 de agosto mobilizando a população para “firmar posição ao lado da legalidade constitucional”. Assim, com o apoio da população e dos militares do III Exército, o Palácio das Esmeraldas, sede do governo gaúcho, se converteu na central da resistência para permitir que Jango assumisse o cargo, mantendo o Estado democrático de direito.

Em uma época em que a televisão dava seus primeiros passos, rádios e jornais tinham papel fundamental. A Rádio Guaíba ficou conhecida como a “Rádio da Legalidade”, através da qual Brizola fazia discursos para mobilizar a população. As fotografias dos jornais tiveram papel ilustrativo fundamental na divulgação do levante, mostrando a população gaúcha reunida e disposta a lutar mesmo sob ameaça de ser bombardeada.

O livro é um encontro entre fotografia e história. Sob a óptica da análise de imagens e capas de jornal da época, Claudio Fachel remonta fatos, momentos e personagens na construção de um panorama histórico por meio das lentes daqueles que acompanharam de perto essa histórica mobilização. Para contar a história dos fotógrafos do jornal A Última Hora Rio-Grandensee de outros veículos que registraram a Campanha da Legalidade, Fachel utilizou imagens da época e entrevistas para identificar os personagens e evidenciar o papel que estes tiveram naquele momento. Entre os fotógrafos retratados pela publicação estão Gaston Guglielmi, Enrique Tavares, Manoel Guaranha, Waldomiro Soares, Evanir Silveira, Mario Rodrigues, Walter Mendes e o consagrado Assis Hoffmann.