Fragilidade
Roteirista, dramaturgo, romancista, Jean-claude Carriére é um intelectual talhado para o diálogo inteligente e sem dogmatismos. Profundo conhecedor da história e da arte européia, sua curiosidade o levou a toda parte, da índia (cujo monumental poema Mahabarata ele adaptou para o teatro e o cinema, ao lado de Peter Brook) a uma aldeia ianomâmi na Amazônia; do México (onde foi parceiro de Buñuel) ao deserto do Saara.
Nesse seu livro mais recente, Cárrriére se serve da sabedoria acumulada ao longo de sua rica trajetória intelectual e humana para refletir sobre a condição vulnerável do homem. Ao tentar negar ou esconder sua "essência de vidro" (a expressão é de Shakespeare), os homens produziram ao longo sos séculos guerras, religiões, toda sorte de violência e auto-engano.

Dos fundamentalismos religiosos às ilusões da engenharia genética, dos livros de auto-ajuda à cirurgia plástica, Carriére passa em revista com elegância e bom humor as várias maneiras pelas quais continuamos tentando fugir da fragilidade que nos constitui. Em vez de se entregar ao pessimismo (ou ao cinismo), ele sugere que o reconhecimento da fragilidade seja um antídoto contra a intolerância e contra o desespero.