GLOBALIZAÇÃO, DEMOCRACIA E TERRORISMO
m seu novo livro, Eric Hobsbawm defende a tese de que não estamos retornando à era dos impérios, mas vivendo um período de instabilidade. A obra é uma coletânea de palestras, conferências e escritos, sendo o capítulo conclusivo constituído por um artigo publicado na edição francesa de Le Monde Diplomatique.
Partindo da perspectiva histórica, que em sua formulação é “relembrar aquilo que os outros esquecem ou querem esquecer”, em contexto amplo e recorte temporal mais longo, Hobsbawm defende que a intervenção armada estadunidense nos assuntos de outros países não é indício de êxito, ao contrário, uma vez que as tensões sociais e a instabilidade têm aumentado, inviabilizando a construção da hegemonia, bem como da pax americana.
O autor afirma que o processo de globalização enfraqueceu o Estado e acentuou a desigualdade social, criando “exércitos de reservas de trabalhadores” em escala mundial. Além disso, enfraqueceu a democracia liberal, uma vez que a lógica do mercado vem se sobrepondo à do serviço público. Assim, “o consumidor toma o lugar do cidadão”.
Embora o mundo já tenha convivido com movimentos terroristas, uma das especificidades do período atual reside na ênfase dada às ações de ataque, favorecendo a reação dos Estados Unidos.
Em períodos anteriores, os governos negavam publicidade a tais atos. Já na atualidade, proporciona-se ampla divulgação, o que é utilizado pela potência militar como justificativa para a sua expansão. Neste sentido, para Hobsbawm, o perigo maior provém muito mais do clima de medo criado, que legitima o uso da força pelos Estados Unidos, do que propriamente do homem-bomba.
A despeito do historiador não propor uma “agenda política”, seu livro representa um louvável esforço de compreensão do momento atual a fim de que seja possível a atuação crítica em prol da transformação do mundo.