MUNDO EM TRANSE: DO AQUECIMENTO GLOBAL AO ECODESENVOLVIMENTO
A continuidade do crescimento econômico poderá ser compatibilizada à exigência que passou a ser chamada de “sustentabilidade”? Será que o progresso social – ou desenvolvimento – sempre dependerá do crescimento econômico? Será que essa relação não está sendo dificultada por avaliações baseadas em convenções ultrapassadas, adotadas quando nem se cogitava sobre a existência de um fenômeno como o aquecimento global? Com essas perguntas, José Eli da Veiga lançou o livro em Copenhague, em meio à Convenção do Clima, afirmando que “Copenhague não importa”.
Para ele, não existe altruísmo dos que estão em Copenhague em relação às gerações futuras, e não serão os acordos firmados entre os governos sobre o comércio de carbono que irão superar o modo de produção capitalista. É preciso ter segurança energética e diminuir a dependência das energias fósseis, uma vez que reduzir a intensidade-carbono da economia global, foco dos debates em Copenhague, não aliviará a já excessiva pressão humana sobre os ecossistemas. Já se começa a perceber que serão as inovações na área energética que conduzirão à próxima etapa do desenvolvimento capitalista.
Convida os leitores a questionar os modelos de crescimento, um dos dilemas do capitalismo. Afirma que com os constantes aumentos da produtividade do trabalho, o crescimento econômico tem acontecido muito mais vinculado ao desejo por melhores condições de vida que para dar conta da expansão da população. É preciso desvincular, portanto, a ideia de desenvolvimento do crescimento. O autor deixa cinco recomendações sobre os clássicos problemas do PIB como indicador de desenvolvimento, e várias orientações sobre como monitorar o ecodesenvolvimento. Permeia o livro a ideia de que é possível encararmos a sério a possibilidade do decrescimento ou da estabilidade – há países que podem parar de crescer e aumentar sua qualidade de vida de outra forma, dando chance para que o resto do mundo cresça.