O marxismo na América Latina
Michael Löwy tem se destacado como um dos principais intelectuais marxistas da atualidade. Seu trabalho combina o avanço teórico no debate das várias correntes do marxismo, tanto no campo da teoria como no da prática política, ou, mais concretamente, evocando a XI Tese sobre Feuerbach, a práxis revolucionária. Essa é a perspectiva que norteia a antologia O marxismo na América Latina.
Essa nova edição foi acrescida de textos sobre o movimento indianista na Bolívia e em outros países andinos. Cabe também ressaltar as análises sobre a retomada do nacionalismo em vários países latino-americanos, na primeira década deste século. Questões candentes da contemporaneidade como a politização da ecologia e o papel social e político da Teologia da Libertação se fazem presentes, temáticas essas que Löwy já analisou consistentemente em outras obras.

Sendo a melhor antologia sobre o tema existente em língua portuguesa, a obra constituiu uma excelente ferramenta didática, para estudantes universitários e militantes, para uma primeira aproximação com a realidade latino-americana.
O eixo de organização dessa coletânea – explicitado na Introdução – é a questão da revolução: como esta foi pensada e vivenciada pelas diversas forças, partidos e organizações que reivindicavam o marxismo na América Latina. O embate entre eurocentrismo e excepcionalismo indo-americano e suas sequelas abstratas é apresentado como o principal fator de descaracterização do marxismo na América Latina.
Foram poucos os que conseguiram se manter fiéis à tradição da obra do marxista peruano José Carlos Mariátegui, na elaboração de um marxismo crítico em diálogo com a realidade concreta e sem apelar para os esquematismos eurocêntricos, realçados pelo stalinismo, que proporcionaram análises abstratas da realidade e consequentemente o aborto dos projetos revolucionários.
Essa antologia, portanto, é uma referência fundamental e obrigatória para qualquer estudioso sério da América Latina.