OS IRREDUTÍVEIS
Daniel Bensaïd, para enfrentar o canto da sereia da filosofia política pós-moderna e combater suas visões simplistas de compreender o mundo contemporâneo, questiona o caminho político de pensar o futuro como uma redução infernal à ordem capitalista.
Teoremas da resistência para o tempo presente, Os irredutíveis são sínteses do debate de sete anos dos 22 números da revista Contretemps, que tratava sobre as críticas às narrativas políticas do curto século XX e o esgotamento dos paradigmas da modernidade, pois as categorias nação, povo, soberania e cidadania foram abaladas com as diretrizes da globalização do mercado, do dinheiro, do trabalho.
Para corroborar com a ideia marxiana de que quando não temos ideias restam-nos palavras, Os irredutíveis denuncia o dualismo e o reducionismo de pensar a organização do mundo e do pensamento somente nas perspectivas possíveis da globalização e do viés burocrático stalinista. Ao mesmo tempo, desvela as matrizes reformistas de pensar mudar o mundo sem tomar o poder político, pois a alternativa “socialismo ou barbárie” está ainda na pauta política para os movimentos sociais. Para Bensaïd essa questão é o divisor de águas entre a capitulação política dos modelos reformistas da esquerda alinhada ou resignada ao acompanhamento do liberalismo e uma nova esquerda decidida a enfrentar os desafios de um novo século.
De forma aforismática, Bensaïd expõe seus teoremas para sistematizar a crítica à política e ao capitalismo contemporâneo. As chamadas são provocações ao estilo de Guy Debord, pois “A política é irredutível à ética e à estética”; “A luta de classes é irredutível às identidades comunitárias”; “A dominação imperial não é solúvel nas beatitudes da globalização mercantil”; “Quaisquer que sejam as palavras para expressá-lo, o comunismo é irredutível às suas falsificações burocráticas”; e “A dialética da razão é irredutível ao espelho quebrado da pós-modernidade”.
Enfim, para Bensaïd a indignação é um começo para estabelecer princípios da ação política de enfrentamento ao capitalismo. É preciso indignar-se, insurgir-se e depois…