Provos: Amesterdã e o nascimento da contracultura
Que lugar os jovens têm em nossa sociedade, onde tudo já parece determinado e as esperanças de um mundo melhor vão ficando para trás, deixando apenas desencanto e desesperança como herança para as novas gerações?
Na segunda metade do século XX, a contestação da ordem constituída ganha o espaço da vida cotidiana. Os beatniks surgem em Nova York nos anos 1950 e formam a primeira manifestação de importância da contracultura depois da Segunda Guerra Mundial. O termo beatfoi apropriado da gíria do mundo dos vigaristas, toxicodependentes e pequenos ladrões. Os hippies, nos anos 1960, são contra a bomba nuclear, defendem o meio ambiente, o nudismo e a liberdade sexual. É junto com essas manifestações que podemos compreender os Provos, movimento holandês de juventude pouco conhecido, mas de grande importância simbólica, precursor de manifestações maiores, como o Maio de 1968 na França.

Os Provos têm uma vida curta, de 1965 a 1967, em Amsterdã. São jovens que, de maneira independente, querem influenciar a política. São anticapitalistas, inspirados no anarquismo, adotam uma conduta antissocial, provocam as autoridades, o Estado, a propriedade privada, os grandes magnatas cheios de poder, condenam o militarismo e a bomba atômica. Estimulam a rebelião onde quer que ela seja possível, não respeitam as regras, não se comportam como manifestantes normais, não arremessam pedras nos policiais nem os agridem, não fogem amedrontados, aceitam os golpes de cassetete sem reagir, se deixam levar pela polícia sem resistência. Em suas manifestações ganham a adesão de milhares de jovens. São visceralmente contra os automóveis e propõem à prefeitura de Amsterdã que coloque à disposição da população 70 mil bicicletas brancas para uso gratuito e coletivo. Os Provos sabem que no fim perderão, mas não deixam escapar a possibilidade de provocar toda essa sociedade pela quinquagésima vez. Ao final, em 1967, depois de dois anos de existência e de crescentes mobilizações, eles promovem uma festa no Vondel Park e se dissolvem, “cansados de bancar a entidade oficial de provocação”.