QUAL DESENVOLVIMENTO?

A partir da análise das características do nosso processo de desenvolvimento, percebemos que entre 1950-80 registramos as maiores taxas de crescimento econômico, mas reproduzimos um sistema gerador de enormes desigualdades e, atualmente, vivemos “uma profunda crise de projetos de desenvolvimento”. Este livro trata de questões que nos chamam a refletir sobre a possibilidade de uma “nova agenda civilizatória”, capaz de enfrentar o quadro de decadência socioeconômica, num cenário que privilegiará o crescimento econômico, com inclusão social e sustentabilidade ambiental; algo nada trivial, mas que se torna premente ao defrontarmos com os limites do padrão de desenvolvimento “fordista” e com as mazelas trazidas pela exacerbação da financeirização da riqueza.
Pela ótica do mundo do trabalho há um paradoxo: de um lado, verifica-se o aumento da produtividade do trabalho imaterial, mas, por outro, percebe-se a intensificação brutal do trabalho. E, diferentemente do que propugnam os apologistas da sociedade pós-industrial, Pochmann, embora reconheça as transformações na “sociedade do conhecimento”, ressalta os males da desestruturação do mercado laboral e defende que o tempo livre parece se tornar prisioneiro do tempo de não trabalho. É mister despertarmos para um “novo compromisso” com o desenvolvimento soberano e sustentável da nação. Mas, cabem as questões: Qual a agenda de futuro? Como intervir nela? Qual o papel do Estado e de suas políticas? Estas indagações são trabalhadas pelo autor que chama a atenção à necessidade de mudanças na operacionalização e no perfil das políticas públicas atualmente implementadas, em grande parte fragmentadas e pulverizadas, refletindo num elevado “custo-meio” que compromete cerca de 40% do total dos recursos aplicados. Pochmann sugere a intersetorialização, articulação e integração de um amplo e inovador conjunto de políticas orientadas para o enfrentamento da questão social no Brasil.