Redes Sociais no Brasil
O livro alia questões fundamentais das ciências sociais com estudos empíricos rigorosos ao entender redes sociais como instâncias analíticas de médio alcance que conectam ação e estrutura. Amplia o campo do debate sobre redes, tanto substantiva quanto metodologicamente, ao partir do que emerge do real, e não de concepções apriorísticas ou normativas, ao conferir materialidade a dimensões pouco tangíveis e analisar seus efeitos e ao aliar metodologias de análise estatística com etnografia, com aproximações distintas ao objeto de análise.
Um eixo centra-se na sociologia relacional para entender dinâmicas de (re)produção da pobreza. Atributos das redes e relações ganham força explicativa, explorando seus efeitos em distintas dimensões: no cotidiano, em relação aos tipos diversos de ajuda social; no acesso ao trabalho, renda, bens e serviços públicos; na segregação socioespacial. O que permeia a análise é a busca pelos mecanismos relacionais: entender como vínculos são mobilizados e em que áreas da sociabilidade, e como tais padrões se ligam a trajetórias de estabilidade ou vulnerabilidade. O outro foco de análise, que explora padrões relacionais presentes nas interconexões entre atores organizacionais e como estes influenciam processos e dinâmicas políticas e sociais mais amplas, escapa às formulações excessivamente teóricas ou normativas sobre sociedade civil. Outro eixo é o das redes nas políticas públicas. O propósito é entender como estas afetam os padrões de sociabilidade da população; como as interações dos agentes públicos e usuários influenciam o fortalecimento ou o enfraquecimento de laços e vínculos; ou como as redes estão presentes na formação de um “campo de domínio” nas políticas públicas.

Redes são relações em transformação que medeiam o acesso dos indivíduos a estruturas de oportunidades, são o fio e o tecido, a tessitura do social. O resgate da ontologia do social importa, e muito, para o entendimento das dinâmicas relacionais e seus efeitos em múltiplas dimensões da vida social, com impacto direto no campo das políticas públicas. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes necessitamos entender o óbvio para que mudanças reais possam ocorrer.