A capa de toureiro da liberdade universitária
Se a liberdade de ensino e de pesquisa não é submetida a nenhuma forma de censura, ela necessita também que o conjunto da comunidade universitária possa trabalhar com serenidade. A batalha da liberdade universitária é tanto uma questão de interesse financeiro como de grandes princípios
As elucubrações do ministro francês da Educação Nacional, Jean-Michel Blanquer, a propósito do “islamoesquerdismo” na universidade tiveram um efeito que, provavelmente, não desagrada nem ao seu autor nem à sua colega, a ministra do Ensino Superior, da Pesquisa e da Inovação, Frédérique Vidal. Enquanto o criticado projeto de lei de programação da pesquisa (LPR – Loi de programmation de la recherche) estava em análise parlamentar, a concentração nos debates sobre a liberdade universitária impediu a visualização das reivindicações feitas já durante um ano por um grande movimento de contestação no âmbito das universidades e dos órgãos de pesquisa. As hostilidades foram declaradas em 31 de outubro, quando o Le Monde publicou um artigo assinado por uma centena de universitários apoiando Blanquer e fustigando a suposta “negação” de uma parte de seus colegas concernente às “derivas islamistas” que afetaram sua própria instituição.1 As reticências para “designar o islamismo como responsável pela…