A cultura do serviço público
Gasto ou enriquecimento? Emancipação para todos ou prazer para privilegiados? A queda dos subsídios na maioria das coletividades territoriais francesas, às vezes acompanhada da contestação de seu próprio princípio, permite questionar a evolução ambígua do sentido da cultura como serviço público
Ela “assume”. Isso não é nada original; muitos políticos adoram “assumir”, pois isso passa uma imagem de coragem, quase marcial, e ainda corta qualquer discussão. Um vocábulo impressionante, embora sorrateiramente agressivo. Portanto, Christelle Morançais, presidente do conselho regional da região administrativa Pays de la Loire, assume. Mas o quê? Sua decisão de reduzir o orçamento da cultura em 62%, bem como os motivos dessa decisão. De fato, o governo exige que as coletividades façam economias, enquanto diminui as dotações que lhes são repassadas, colocando-as, assim, em situações extremamente difíceis. No entanto, para Morançais, essa é a ocasião de mostrar seu senso de responsabilidade diante da adversidade e, nesse ímpeto, atacar o próprio princípio dos subsídios ao setor. A vice-presidenta do partido Horizons é de uma clareza desconcertante: “Qual é a sustentabilidade de um sistema que, para existir, depende a esse ponto do dinheiro público? [...] Um sistema que, além disso,…