As novas fábricas instaladas nas proximidades da fábrica da Peugeot em Sochaux, na França, antecipam um aspecto do futuro industrial. Com base no método de produção just-in-time, o modo de gestão da mão-de-obra economiza empregos e intensifica o trabalho do operário na produção. A condição operária parece ter sido abalada pela precarização de seu status e pela freqüência com que os assalariados são colocados em cheque. Mais de 80% dos empregos criados são para postos de “operador”, os quais são ocupados por “jovens” de 20 a 30 anos, selecionados por suas “qualidades” de disponibilidade, flexibilidade, boa apresentação, prontidão para novas regras, quer dizer, em aceitar o novo sistema de opressão [1].
De operários a agentes de fabricação
Após uma dezena de anos, a denominação de “operador” dada aos operários da indústria automobilística e dos novos setores industriais dissolveu a distinção entre operários qualificados e não-qualificados, contribuindo para o desaparecimento dos oficiais. Diferenciada e hierarquizada, a categoria de operário cede lugar a outra categoria homogênea e não-diferenciada, a de operadores ou agentes de fabricação. Trata-se de uma simples roupagem semântica? Do produto de um trabalho de homogeneização levado a efeito pelas diretorias de recursos humanos? De um processo de despolitização do mundo operário? Se são as palavras — ao mesmo tempo categorias de representação e instrumentos de mobilização — que fazem as coisas, seu desaparecimento então pode ter contribuído para desmobilizar o que antes se costumava denominar de “classe operária”.
Decorrente das transformações da divisão do trabalho, o aparecimento da categoria de operadores revela, ao mesmo tempo, a profunda reestruturação que se opera no grupo operário — pauperização material, sentimento de abandono e de desapego à hierarquia social, desmoralização do grupo — e as mudanças no restante da sociedade.
Mas, se as novas palavras da fábrica são aceitas pelos jovens, não é o caso do termo operário, que é objeto de rejeição e desqualificação: “Eu não sou operário, sou operador. Para quem não trabalha na empresa, somos operários. Mas operário, para mim, é mais a mão-de-obra pesada. O que eu faço aqui está mais próximo da eletrônica que de um canteiro de obras” (30 anos, nível técnico em contabilidade). Trata-se de uma derrota simbólica, carregada de sentido, sinal e sintoma de uma relação de forças no espaço social. Ser operário, hoje, é estar condenado a permanecer em um universo socialmente desvalorizado. E esta perda do vocabulário antigo traz com ela a crise da crença na linguagem política: para um bom número de jovens, o discurso de apelo à “classe” parece estar arrumado na prateleira dos acessórios.
Os operadores são recrutados para missões provisórias, de curta duração, renovadas em função de seu comportamento no trabalho, quando devem demonstrar disponibilidade e lealdade para com a empresa. Eles não têm mais uma profissão — com sua linguagem, cultura, modos de transmissão entre antigos e novos —, mas uma espécie de trabalho pontual ligado a um projeto; são contratados para um objetivo específico, ou seja, produzir um tipo de carro, fabricar tal tipo de peça, etc. São bastante compreensíveis as vantagens deste “projeto do pobre”, imputadas como objetivo aos agentes de fabricação; ele permite, por exemplo, romper com algumas das garantias coletivas antigas, como as qualificações de prestígio e o progresso na carreira. [2] Nas pequenas e médias empresas (PME) subcontratadas, os operadores recebem o salário mínimo, independentemente do diploma que lhe deu acesso ao emprego. Este tipo de empresa faz com que eles compreendam que não devem esperar por uma ascensão profissional: o máximo que podem almejar é chegar a “serem monitores”, isto é, um emprego de animador de equipe, que dá direito a um bônus de cerca de 50 dólares por mês.
Concorrência pelo “trabalho de cão”
Os horários de trabalho são muito variáveis, as equipes não se conhecem e o ambiente é unanimamente descrito como “ruim”. Trabalhando como qualificados em Sochaux ou em empregos provisórios, os jovens não hesitam em denominar o trabalho realizado pelo operador de “trabalho de cão”.
Apesar disso, é grande a concorrência para conseguir um desses empregos, que são freqüentemente vistos no meio dos jovens desempregados e dos estagiários da região como a primeira etapa rumo a um trabalho estável. São pouquíssimos os filhos de imigrantes empregados; uma parcela cada vez maior dos operadores é constituída por filhos de operários com o segundo grau completo e mais um ou dois anos de estudo em nível técnico superior, que vivem o retorno à fábrica como o retorno ao ponto de partida. Esta mão-de-obra juvenil revela-se trabalhadora, dócil, e nem um pouco crítica. Trata-se freqüentemente de operários com os quais não só o “capitalismo” sempre sonhou como se esforçou por criar. Assim, os dirigentes das PME explicam a seus assalariados que eles estão engajados em uma competição econômica terrível com outras empresas do Sul como a Tunísia, a Turquia, etc. E tentam dissuadi-los de qualquer ação coletiva, a começar pela criação de uma comissão de fábrica. Não é de estranhar que um dos imperativos do recrutamento dos operadores seja assegurar-se de sua docilidade. É o que explica, por exemplo, o recurso freqüente às mães solteiras, menos suscetíveis de se lançarem em um movimento grevista.
Assim, coexistem na França industrial dois tipos de população operária: de um lado, os operadores das PME, constituídos por jovens maleáveis, à mercê do trabalho, não-sindicalizados, recebendo o salário mínimo; de outro, os trabalhadores das grandes fábricas, beneficiários de uma certa forma de proteção social, graças principalmente à presença de delegados sindicais nas oficinas, e herdeiros da reputação de serem os únicos operários a poderem conduzir o movimento socialista. Sua coexistência afeta as representações que os trabalhadores fazem do mundo social. Na Peugeot-Sochaux, o desmembramento da grande unidade fabril e o desenvolvimento de unidades de produção subcontratadas têm, em parte, o objetivo de dobrar a resistência operária às tentativas de “modernização” das relações sociais e das “mentalidades”. [3]
“Em pleno século 19”
A emergência deste novo modelo de operador nas fábricas, em que convivem lado a lado a precarização e a intensificação do trabalho, pode, por sua vez, ser interpretada como um sintoma do surgimento de uma espécie de working poor à americana [4], e da desagregação da antiga classe operária, sindicalizada e organizada em torno dos oficiais, cujas vantagens, conquistadas através de lutas localizadas, eram em seguida estendidas às empresas menores, graças à negociação de acordos setoriais. Foi a mobilização da classe que permitiu, ao longo dos “trinta anos gloriosos” (1944-1974), a obtenção de ganhos regulares no poder de compra, e que unificou os diferentes segmentos do grupo, ou seja, o dos qualificados e não-qualificados, o de origem operária e camponesa, o francês e o imigrante, o de homens e mulheres. Ora, desde o início dos anos 90, as profundas transformações da divisão do trabalho fizeram surgir subgrupos, os quais se tornaram tão vulneráveis, a ponto de não se saber mais se pertencem ou não à classe operária.
Até o início dos anos 80, a Peugeot garantiu um bom salário e vantagens a seus operários. Muitas famílias de assalariados, principalmente as de trabalhadores qualificados, chefes de equipe e supervisores, confiavam na empresa e cultivavam um sentimento de dívida moral em relação a ela. Ainda hoje se ouve dizer com relação à família Peugeot que: “Eles fizeram muito pela região”. Em meados dos anos 80, as famílias operárias descobriram que a Peugeot, este colosso que por tanto tempo os havia protegido e feito viver, era frágil, e que, a partir de então, uma ameaça pairava sobre eles, isto é, eles podiam cair no desemprego ou na “exclusão”. Pouco a pouco desapareceu a maior parte das antigas “proteções” sociais, políticas e simbólicas, identificadas, respectivamente, no paternalismo da empresa; nos sindicatos e na relação de forças favorável aos trabalhadores; no orgulho do trabalhador Peugeot ou no sentimento de pertencer a um grupo, a uma “classe”.
A (re)descoberta da vulnerabilidade constituiu um verdadeiro choque para os trabalhadores beneficiados pela melhoria regular das condições de vida e que tiveram a experiência, freqüentemente feliz, da luta coletiva. Ela foi identificada como um verdadeiro recuo: “Retornamos ao pleno Século XIX”, não param de repetir os militantes operários. A precariedade econômica seguiu-se a uma época de abertura do espaço social. Desestabilizados em suas lógicas de identificação política e simbólica, os operários se conscientizam de que, ao escaparem da rede dos antigos sistemas de seguridade, arriscam-se a ser tragados na espiral da sub-proletarização. Por fim, após a classe operária ter sofrido na pele durante quinze anos o aprofundamento das desigualdades, ele não foi claramente percebido pela opinião pública. Os operários que ainda dispõem de um emprego, cujo conteúdo e valor parecem não interessar a ninguém, só se apresentam como vítimas de ofensas que chocam a consciência coletiva quando os patrões “exageram” (Moulinex, Michelin). Na corrida à compaixão, eles chegam após os “excluídos”. Isto é, quando ela se esgota.
Tudo atrapalha a solidariedade
Nas novas PME, nada favorece a solidariedade operária, tudo é organizado de modo a impedir que os operadores se encontrem uns com os outros: as pausas são curtas e os horários de trabalho tão variáveis que os encontros após a jornada ficam impraticáveis. Principalmente para os jovens em situação de trabalho provisório, que não pensam em permanecer na fábrica. Somente aos poucos — e dolorosamente — eles se dão conta de que não irão mudar mais de situação. A heterogeneidade dos assalariados impede a constituição de uma identidade coletiva no trabalho, de interesses comuns, e do sentimento de pertencerem a um grupo sujeito à ameaça de desmembramento da empresa.
Essas novas formas de precariedade torna aleatório o enraizamento fabril e a transmissão de uma cultura do trabalho e de oposição [5]. Os poucos trabalhadores que conservam um estado de espírito contestador não são bem vistos pelos jovens. Uma operária de 24 anos, com diploma de técnico de nível superior em contabilidade e contratada como temporária há um ano, acha que se trata de “implicantes” .
Desestabilização escolar
Está muito desenvolvida dentro das empresas [6] a lógica da individualização, tanto quanto a do salário, dos prêmios e outras. Encorajadas pelo patronato, tais lógicas são retomadas e assumidas por certos segmentos do setor operário. É o caso não somente dos mais conservadores, conhecidos no local como “peugeotistas”, mas também dos que, como eles mesmos dizem, têm vontade de “evoluir”, o que significa ter acesso à “modernidade”, aqui traduzida principalmente pelo uso da informática; sair do isolamento de seus postos de trabalho, ou compreender o conjunto do processo de produção em que estão inseridos. Na verdade, os operários são constantemente atraídos pela lógica dos fluxos contínuos e dos círculos da qualidade.
É neste sentido que o novo espírito do capitalismo exerce sua capacidade de sedução sobre certos segmentos do setor operário, o dos jovens em especial. Entrar na modernidade, significa ter perspectivas de identificação diferentes daquelas tradicionais do movimento operário clássico, o qual não só não se apresenta mais como portador de uma esperança coletiva, como parece até querer encerrá-la em um mundo velho, cujo discurso social não se encaixa mais com a realidade. Mesmo conotando uma realidade viva, o termo “exploitation” (exploração) não é do domínio nem faz parte do vocabulário dos jovens trabalhadores, submetidos a uma humilhante sucessão de pequenos trabalhos sem futuro: filha de imigrantes algerianos, uma operária prefere falar em “exploitage” [7].
Entretanto, para compreender a dificuldade da mobilização operária e o modo como as formas da consciência operária evoluiu, é preciso analisar também as mudanças fundamentais na sociabilização escolar, relacionada com a continuidade dos estudos empreendida pelas classes populares. Há cerca de vinte anos, a desvalorização do trabalho operário foi ampliada pela “desproletarização” fora da fábrica, principalmente na escola. Com efeito, parece que o sistema escolar francês teve por objetivo amortecer o choque da modernização industrial, uma vez que sobre ela recaiu uma boa parte das tensões sociais, ao mesmo tempo decorrentes da necessidade de responder aos imperativos da competitividade e da degradação de vida das classes populares. A desvalorização do ensino profissional, mais acentuado nas antigas regiões operárias, desestabilizou as escolas de ensino médio, que não estavam em condições de acolher os “novos estudantes”. As crianças de origem popular tiveram de enfrentar com armas desiguais a concorrência escolar de seus colegas socialmente e culturalmente favorecidos.
Deste modo, a extensão da escolaridade colocou uma fração crescente das crianças oriundas das classes populares em uma situação de incerteza e confusão. Algumas delas chegam até a declarar, estranhamente, que teriam preferido não ter se engajado nos estudos longos, tão desconfortável foi o sentimento que experimentaram de não estarem à altura deles. Assim, com muita amargura e mesmo acidez em relação a seu fracasso escolar, numerosas crianças “insatisfeitas” com a escola desenvolveram uma certa forma de anti-intelectualismo e, por extensão, de repúdio às idéias progressistas encarnadas pelos docentes.
Ruptura com a geração dos pais
É aí que aparece nitidamente a ruptura com a geração dos pais, sobretudo a dos operários militantes frustrados com a longa escolaridade. Tendo interrompido os estudos para entrar precocemente na fábrica, o engajamento na militância significava para eles uma maneira de “se cultivar”, de superar uma parte do atraso escolar e cultural. Ora, engajados em estudos longos, seus filhos não reavivam a chama com freqüência: pelo fato de cursar a escola de segundo grau ou a universidade, isto é, de ter passado para o lado dos “eleitos”, eles tendem a acreditar que a herança política dos pais operários não lhes diz mais respeito. Não que cheguem a negá-la. Alguns até vêem nela uma certa grandeza. Mas acreditam que ela não reflete sua condição. Sobretudo, não querem ficar presos a uma identidade operária que julgam por demais estreita.
O prolongamento dos estudos dos filhos contribuiu assim para desqualificar a experiência social e militante dos pais. Os mesmos operários que enfrentaram as novas formas de dominação no trabalho, deparam-se em casa com a contestação de uma parte de sua identidade social na figura de sua progenitura, embriagada pelo status escolar. Deste modo, a escola contribui para aumentar a distância social, cultural e afetiva entre as duas gerações, alimentando a hostilidade a tudo que “cheira a operário” e a velho, e estabelecendo uma nova relação com o corpo e a política; ela produz um afastamento em relação à tradição militante: as “lutas”, o “corpo a corpo”, os “motins” sindicais e políticos. As greves estudantis de 1994 e as de 1998-1999 tornaram evidente a negação dos conflitos, a desconfiança em relação ao “sindicato”.
Contudo, nada disso fez desaparecer dentro das empresas as formas de resistência, que é inseparável de toda situação de dominação. Com o tempo, nascem as solidariedades no trabalho, constróem-se as afinidades e emergem as militâncias. Prova disso é o conflito social que eclodiu, em novembro de 1999, nas pequenas empresas subcontratadas do grupo produtor do Smart (v. destaque). Entretanto, o estudo das diferentes dimensões da existência social operária deixa visível a desestabilização simbólica de uma antiga cultura operária, profundamente politizada. Ela comportava elementos existenciais e éticos, um tipo de protesto quase mudo contra a maneira como se era tratado dentro da fábrica. Permitia bem ou mal, talvez mais mal que bem, que se conservasse e afirmasse um mínimo de auto-estima. Ora, a questão da politização não pode ser separada da maneira como o grupo defendia sua dignidade, ou do modo como os trabalhadores resistiam em cair na indignidade e na pauperização, sempre possíveis. A defesa coletiva e a resistência individual andavam sempre juntas, tanto no universo do trabalho como no espaço externo a ele. Certamente, o que formava a “classe” era a ideologia, os porta-vozes, os partidos e os militantes operários, os representantes eleitos e os sindicalistas. Mas eram também fenômenos de morfologia social mais difíceis de perceber, pelo fato mesmo de estarem submetidos a uma transformação rápida, no caso o declínio da importância dos oficiais e a memória do grupo, rompida pela questão da imigração.
Os oficiais foram, por muito tempo, o pivô da classe operária. Conferiam-lhe respeitabilidade, ao representá-la dignamente. Mas, sobretudo, constituíam um modelo de identificação para os demais operários, contribuindo para fazer deles um grupo, social e politicamente poderoso. Uma “sociedade operária” podia, assim, se organizar fora da fábrica, apoiando-se nos recursos políticos e simbólicos constituídos nas oficinas. Tal sociedade dispunha de categorias, hierarquias, valores e princípios de existência, que se constituíam em referência para os habitantes da região. E os militantes operários, alguns dos quais chegaram a fazer belas carreiras como representantes eleitos nas cidades operárias próximas à fábrica, mantinham as classes populares nos bairros. Todos esses elementos garantiam a forte integração do grupo operário local. Nessa configuração, os operários não-qualificados tinham antes de tudo como modelo os oficiais, os quais constituíam para eles uma meta a alcançar, um grupo de referência. Este tipo de sociedade operária vivia em parte em autarquia, ou seja, em uma espécie de auto-suficiência.
Ao mesmo tempo que o enfraquecimento dos oficiais diluiu esta fonte de identificação, do lado dos operários não-qualificados, a grande dificuldade dos filhos de imigrantes de se inserirem no mercado de trabalho comprometeu a ordem de sucessão das gerações operárias. A partir dos anos 80, não se passou o bastão entre os militantes operários e os filhos de imigrantes universitários com disposição para a revolta e para a luta coletiva.
Os árabes rompem com o mundo operário francês
Por uma série de razões: políticas, como o medo de serem “manipulados”, como foram os companheiros mais velhos que haviam militado no Partido Socialista e que acabaram inscritos nas eleições municipais como “norte-africanos de plantão” [8]; sociais, como o crescimento paralelo dos eleitores da Frente Nacional e da discriminação em relação aos jovens imigrantes; e internacionais, como a Guerra do Golfo, que se revelou um momento fundamental para a ruptura entre “franceses” e “imigrantes”, em decorrência da qual muitos filhos de imigrantes do norte da África se sentiram empurrados de volta à cultura “árabe”. O rompimento com o mundo operário “francês” é muito forte: a maioria dos filhos de imigrantes não quer reviver a situação de seus pais e não aceita ser novamente “árabes superexplorados”.
Esta ruptura no mundo operário é bem ilustrada pela diferença na manutenção da memória coletiva dos dois subgrupos, o dos “franceses” e o dos “imigrantes”. Enquanto do lado francês a memória operária vai sendo deixada de lado, do lado dos imigrantes, em especial dos norte-africanos, ela é retomada ardentemente por alguns dos filhos da segunda geração, que redescobrem a história de seus pais à medida que estes envelhecem e se aposentam. Escrevem livros, fazem filmes em que retomam a exploração do trabalho e a dureza das condições de vida nas fave