A destruição do lugar do Brasil no sistema multilateral
Enquanto desde os anos 1990 o Brasil era visto como um contribuidor para a governança global, com todas as tensões e dificuldades implicadas nesse processo, hoje há consenso entre os países democráticos de que estamos à margem do processo de construção de normas globais, de mecanismos de resolução de conflitos e do provimento de bens públicos internacionais
A crise da democracia e o fortalecimento de regimes e ideias autoritários têm sido tema central do debate internacional na última década. As instituições que caracterizam a democracia representativa e os movimentos de inclusão de agendas progressistas são desafiados. Lideranças autoritárias que estão à frente dessas tendências chegaram ao poder na Turquia, Polônia, Índia, Hungria, Rússia, Filipinas e Estados Unidos. Movimentos políticos e sociais transnacionalizados e conectados entre si fortalecem inflexões autoritárias e conservadoras, gerando apoio mútuo e compartilhamento de práticas. O discurso autoritário-conservador enfatiza a ordem, a tradição ou a volta a um passado idealizado, a lealdade a líderes carismáticos e a homogeneidade de nações. Por outro lado, a esfera pública e as instituições que garantem a pluralidade e a igualdade de vozes vão sendo destruídas. A perspectiva conservadora se associa no atual contexto à lógica neoliberal para a qual o mercado e a moral garantem a sociabilidade; e…