A fusão TF1-M6, para enfrentar a Netflix?
A largada da campanha presidencial francesa foi dominada pela exposição midiática do jornalista antimuçulmano Éric Zemmour e pelo ativismo ideológico do bilionário ultraconservador Vincent Bolloré. A ponto de o anúncio da fusão das duas principais redes de televisão privadas, TF1 e M6, passar quase despercebido
Se fosse necessário procurar uma ilustração para o desmoronamento dos combates culturais da esquerda, para a normalização capitalista da mídia e para o sono prudente dos editorialistas diante das grandes evoluções que lhes dizem respeito, um lugar de escolha deveria ser reservado à fusão, anunciada em maio, da TF1 com a M6. Para quem se lembra dos acirrados debates em torno da privatização da primeira rede pública, em 1986, ou da compra do Canal+ pela Compagnie Générale des Eaux, dez anos depois, a atonia geral com que são acolhidos esses casamentos diz bem da cegueira dos atores do debate público, que olham o mundo através do eco de sua conta no Twitter ou no Facebook. Denunciada no século passado pelas elites culturais ora como o sinal de uma impermeabilização das ideias, ora como a certidão de óbito de uma exceção cultural, a entrega da TF1 e em seguida do Canal+…