A história, uma arma de guerra
Nos últimos dois anos, a guerra na Ucrânia foi comparada à Primeira Guerra Mundial, à crise dos mísseis, a todas as intervenções externas da União Soviética, à Guerra Irã-Iraque, por ser entre dois países vizinhos, àquela do Kosovo… Volodymyr Zelensky e seus comunicadores são excelentes nesse joguinho
É como o jogo dos sete erros, mas ao contrário. Em vez de procurar discrepâncias em dois desenhos quase idênticos, é necessário identificar pontos comuns em imagens diferentes, mas que contêm tantos detalhes que sempre é possível encontrar algumas semelhanças. Os tempos de guerra são particularmente propícios a esse exercício. Comentaristas e tomadores de decisão procuram no passado qualquer evento que possa, de alguma forma, assemelhar-se à situação contemporânea. Nos últimos dois anos, a guerra na Ucrânia foi comparada à Primeira Guerra Mundial, sob o pretexto de que também ocorria em trincheiras lamacentas; à crise dos mísseis de Cuba (outubro de 1962), que também ameaçava a humanidade com um holocausto nuclear; a todas as intervenções externas da União Soviética (Berlim em 1953, Budapeste em 1956, Praga em 1968, Cabul em 1979); à Guerra Irã-Iraque, por ser entre dois países vizinhos (1980-1988); àquela do Kosovo, que buscava se desvencilhar do domínio…