A honra dos poetas
Às vezes, acontece de obras atravessarem o tempo. Romiosini, escrito há quase sessenta anos por Yannis Ritsos, ainda ressoa: um canto de luta e meditação sobre a Grécia, que Mikis Theodorakis musicou. O poema carrega a história de um povo mais intimamente definido por suas batalhas do que pelo Partenon
Yannis Ritsos faleceu em 1990. Durante seu funeral em Monemvasia, sua cidade natal no Peloponeso, camaradas do Partido Comunista da Grécia (KKE) e intelectuais atenienses se afastaram para dar passagem aos camponeses, que levavam à terra aquele que consideravam um dos seus. Bandeiras vermelhas, Mar Egeu, rito ortodoxo e o povo: uma despedida final em uníssono com sua vida, a de um homem nascido 81 anos antes, num 1º de Maio, numa família de aristocratas arruinados. Jovem, ele partiu para Atenas, onde viveu de bicos enquanto lutava contra a tuberculose. Tornou-se figura proeminente da famosa geração dos anos 1930 – aquela de Giorgos Seferis e Odysseas Elytis, que seriam vencedores do Prêmio Nobel –, que introduziu o modernismo literário na Grécia. Ao contrário destes, Ritsos se juntou ao jovem KKE, num país ainda marcado pela Grande Catástrofe de 1922 – a expulsão dos cristãos de língua grega da Ásia Menor…