A ordem social do mérito
Ordem Nacional do Mérito, Palmas Acadêmicas, medalhas da Polícia Nacional ou do Turismo: a França conta com cerca de setenta condecorações. A mais alta? A Legião de Honra, é claro, que deve distinguir a aristocracia republicana. Supostamente reflexo de sua época, a medalha é o emblema de um sistema de privilégios que ela contribui para perpetuar ao condecorar cada vez mais dirigentes empresariais
Barreiras são erguidas diante do Palácio do Eliseu, a sede do governo francês. Depois de (milagrosamente) passar pela primeira, a segunda continua impenetrável: a segurança cuida para que apenas os convidados selecionados entrem. Bernard Arnault, proprietário da LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton), está prestes a receber das mãos do presidente Emmanuel Macron o título de grã-cruz da Legião de Honra, a mais alta distinção da ordem. Atrás da grade, dois guardas conversam: “Elon Musk chegou há dez minutos! Bernard Arnault e ele passaram anos disputando quem era o mais rico, então Musk veio provocá-lo!”, diverte-se um deles. Mas não é hora para brincadeiras. O chefe da segurança, com o fone de ouvido em espiral, é categórico: “Sem imprensa esta noite. É um evento semiprivado”. Enquanto exibem seus convites de papel, alguns convidados, vestidos de terno ou salto alto, aceitam responder a uma pergunta (com certo desdém): “Por que Bernard Arnault…