As “avós vermelhas” do movimento feminista internacional
Apesar da produção editorial profícua, a história do feminismo tem seus pontos cegos. A contribuição dos países do antigo Bloco Oriental, por exemplo, raramente é mencionada. Entretanto, a aliança que amarra suas organizações de mulheres àquelas das antigas colônias do Sul desempenhou um papel crucial no avanço da igualdade de gênero em todo o mundo
Se você é uma mulher que vive e trabalha no Ocidente nos dias atuais, provavelmente nunca ouvir falar das búlgaras Elena Lagadinova e Ana Durcheva, ou das zambianas Lily Monze e Chibesa Kankasa, às quais, no entanto, deve parte de seus direitos. Isso porque os vencedores da Guerra Fria apagaram de sua narrativa as muitas contribuições que as mulheres do Bloco Oriental e dos países do Sul deram ao movimento feminista internacional. O triunfalismo do Ocidente após o fim da União Soviética eliminou das memórias qualquer legado positivo associado à experiência socialista. Esta foi reduzida ao autoritarismo, às filas nas padarias, ao gulag, às restrições de viagens ao exterior e à polícia secreta. O mundo ocidental tem a tendência de ignorar que a rápida modernização da Rússia e de alguns países da Europa Oriental coincidiu com o advento do socialismo de Estado. Em 1910, por exemplo, a expectativa de vida…