As frações burguesas e o governo Bolsonaro
A conjuntura pandêmica é marcada pela polarização entre a direita neofascista, ou bolsonarista, e a oposição de direita, ou direita tradicional. A análise de documentos e declarações de capitalistas e associações empresariais na imprensa indica que esse conflito exprime uma divisão das frações burguesas em torno da política sanitária. Por outro lado, também indica sua unidade em torno da política econômica, o que explica o caráter vacilante da direita tradicional e os limites de sua ação oposicionista ao governo
Bolsonarismo, frações burguesas e a pandemia O bolsonarismo, como fenômeno político, é um movimento reacionário de massas das classes médias e da pequena burguesia, que persegue a mudança do regime político. Esse movimento, de caráter neofascista, atua para difundir o negacionismo em relação ao coronavírus, por meio de um discurso conspiracionista que apresenta a pandemia e as vacinas como instrumentos de disputa de hegemonia e controle social pela China. Sem necessariamente reproduzir o discurso conspiracionista, a burguesia industrial, a burguesia comercial varejista e os produtores rurais ligados à exportação de bens primários aderiram ao negacionismo por meio do discurso que opõe as defesas da vida e da economia, sob o argumento de que o fechamento de estabelecimentos e o desemprego são mais letais que o vírus. A dependência do trabalho e do consumo presencial, em setores com menor grau de automação e digitalização, e o custo de oportunidade ante o…