As fronteiras da soberania alimentar
Há um ano, os agricultores franceses se revoltaram especialmente depois que a abolição das tarifas alfandegárias sobre os produtos ucranianos levou à queda de preços na Europa. Em 6 de dezembro, no entanto, a Comissão Europeia concluiu a negociação de um acordo de livre comércio com vários países da América do Sul. Na França, uma ratificação agravou ainda mais a situação dos agricultores e a soberania alimentar
Pneus em frente às prefeituras, fardos de feno em rotatórias, tratores nos centros das cidades: essa cena estaria se tornando um ritual de inverno? Há um ano, um amplo movimento social abalava o mundo agrícola francês – e europeu. Surgido no sudoeste da França, ele rapidamente se espalhou pelo restante do país, apoiado pelo principal sindicato do setor, a Federação Nacional dos Sindicatos de Produtores Agrícolas (FNSEA). Algumas medidas emergenciais acalmaram temporariamente o descontentamento, mas sem resolver as questões de fundo. Assim, os agricultores não esperaram muito para retomar os protestos. Voltaram às ruas em novembro passado, mirando, como sempre, a dificuldade de viver dignamente com os rendimentos de suas atividades por causa da pressão sobre os preços exercida pelos produtos agrícolas importados. No cenário político, todos agora criticam a concorrência “desleal” de países com baixo custo de produção, inclusive aqueles cujos partidos, há trinta anos, têm validado acordos de…