Cantar o fantástico social
Os escritores Boris Vian e Raymond Queneau gostavam de seus livros. Juliette Gréco cantou sua obra. Seu nome evoca o “Quai des Brumes” e histórias de garotos maus. Com o autor Pierre Mac Orlan (1882-1970), as antigas histórias de aventureiros e desamparados ganharam a fria grandeza dos mitos desiludidos
Ele se chamava Pierre Dumarchey, mas amava o Norte, os países situados às margens de águas tempestuosas, a Escócia. Escolheu se chamar Pierre Mac Orlan (1882-1970). Embora vários de seus romances marcassem presença em coleções de bolso, o universo que constituía sua geografia pessoal, os grandes temas de suas histórias, foi rejeitado, quando não varrido pelo tempo que passa e se acelera: a guerra de 1914-1918, o Montmartre do início do século XX, o romantismo do vagabundo, do soldado e do marinheiro, a imagem da mulher obrigada a ocupar uma posição inferior e até mesmo se entregar à prostituição, a mitologia do corsário e do pirata, o fascínio pelas grandes cidades e pelas aldeias portuárias. Isso fez com que aquele que durante muito tempo foi reconhecido, inclusive por seus pares, como um escritor singular e necessário seja visto hoje como um autor “retrô”, até mesmo retrógrado. Ora, o interesse de…