Capitalização, outro nome para a reforma da Previdência
As maiores manifestações da história de Rodez, Laval e Clermont-Ferrand; 200 mil pessoas em Marselha. A mobilização contra a reforma da Previdência na França é poderosa. Sem dúvida porque o desafio excede a idade da aposentadoria e do texto analisado no Parlamento. Nas ruas, também rejeitamos uma sociedade do cada um por si, em que a acumulação especulativa importa mais que a solidariedade
Todo mundo – ou quase – adora o sistema previdenciário de repartição. Até Emmanuel Macron. Um sistema no qual “quem trabalha paga por quem se aposentou”, explicava o presidente da França em 2019 em Rodez, “é nossa força”. A primeira-ministra, Élisabeth Borne, declarou que luta para evitar seu desaparecimento “em proveito da aposentadoria por capitalização, que encarna o reino do ‘cada um por si’”.1 Apenas alguns teimosos ainda se arriscam a defender que cada trabalhador em atividade deve financiar o essencial de sua própria aposentadoria por meio da poupança e do investimento. Um desses é David Lisnard, prefeito do Les Républicains (LR, direita) de Cannes, uma das cidades mais caras do mundo, onde 34% dos habitantes estão aposentados, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos (Insee). Ou Philippe Juvin, deputado (LR) dos Hauts-de-Seine, que em 2021 embolsou 209.455 euros em renda líquida provenientes do acúmulo de seus mandatos…