Cinismo em Lampedusa
Imigrantes se amontoam às portas do Velho Continente; a direita denuncia, aos gritos, a invasão; a esquerda se divide; em seguida, todo mundo passa a outra coisa, até a próxima “crise”. Visto da Europa, o cenário é conhecido. E visto da África?
Imigrantes se amontoam às portas do Velho Continente; os serviços de acolhimento transbordam; a direita denuncia, aos gritos, a invasão; a esquerda se divide; cada capital europeia rejeita a responsabilidade; em seguida, todo mundo passa a outra coisa, até a próxima “crise”. Visto da Europa, o cenário é conhecido. E visto da África? Quando jornalistas e dirigentes políticos se dão ao trabalho de evocar os países de saída, é tão somente para distinguir os “refugiados”, que deixaram um Estado em guerra e mereceriam certa atenção, dos “imigrantes”, cujas motivações econômicas não bastariam para justificar a hospitalidade. “Se as pessoas não são qualificadas para o asilo, como constatamos no atual momento para certas nacionalidades (é o caso dos costa-marfinenses, dos gambianos, dos senegaleses, dos tunisianos), [...] é preciso evidentemente enviá-los de volta a seu país”, explicava nesses termos o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, após o desembarque de 8 mil…