Com que armas eu vou?
Autoridades francesas já implementam política estratégica de informação econômica, mas a Europa permanece desarmadaAli Laïdi
“Nem ingênuo, nem paranóico”. É assim que Didier Lallemand resume seu estado de espírito. Alto funcionário da Defesa ligado ao Ministério da Economia há cinco anos, ele gerencia as questões de inteligência econômica. No entanto, não aprecia essa expressão, por demais identificada com “serviços secretos” e “espiões”. Também não gosta da noção de guerra econômica, que faz com que os investidores e os políticos se afastem. Prefere falar de exacerbação da competição econômica ocasionada pela globalização, expressão politicamente correta no meio sofisticado dos colarinhos brancos.
No entanto, Didier Lallemand incita o Estado a implementar uma verdadeira política nesse setor. Depois do relatório Martre de 19941 e, em seguida, o do deputado Bernard Carayon de 20032, as autoridades francesas parecem se interessar mais especificamente pela questão. Em dezembro de 2003, Alain Juillet, ex-número dois da Direção Geral da Seguridade Interna (DGSE), foi nomeado “Senhor Inteligência Econômica” junto ao primeiro-ministro. Seu papel consiste em transformar o Estado em “Estado estrategista”. Primeiro objetivo: insuflar um espírito de inteligência econômica em todas as administrações. O segundo objetivo, de mais curto prazo, é estabelecer uma lista dos setores econômicos frágeis – essencialmente as indústrias e os serviços que ameaçam a soberania do Estado.
Europa desarmada
Acreditou-se que a Comissão Européia criaria um cargo de supercomissário para a indústria e as empresas, mas seu presidente se opôs
Na Europa, só os ingleses dominam perfeitamente essas questões. Os franceses os imitam há alguns anos. Quanto aos outros países membros da União Européia, eles têm dificuldade em levar em conta esse novo quadro das relações internacionais. Ora, sem a Europa, nenhum dos países do Velho Continente é capaz de lutar contra os gigantes econômicos, antigos ou novos: Estados Unidos, Japão, Brasil, China, Índia… Daí um apelo em Bruxelas para a mobilização dos esforços.
Acreditou-se por um momento que a Comissão iria criar um cargo de supercomissário para a indústria e as empresas, mas José Manuel Barroso, presidente da Comissão, opôs-se a isso. Teria ele medo que esse supercomissário lhe fizesse sombra, ou simplesmente não acredita nas possibilidades de uma Europa potência? No momento em que se fala de um serviço europeu de luta antiterrorista, seria bom também que fosse colocada a questão de uma Europa da informação econômica.
(Trad.: Regina Salgado Campos)
n rem
1 – Intelligence économique et stratégie des entreprises, Commissariat au Pla