Cuidar do outro é mandamento do iFood
Doutor em Sociologia Política usou “Le Monde Diplomatique Brasil” para propagar inverdades sobre a relação entre a empresa e os parceiros entregadores
No último dia 23 de julho, o leitor do “Le Monde Diplomatique Brasil” se deparou com um tiroteio de acusações do sociólogo Leo Vinícius Liberato contra o iFood, empresa brasileira e líder no mercado de entrega de alimentos. Ao abordar a relação entre os entregadores e a companhia, Liberato se concedeu, sem apresentar fatos ou ao menos evidências, o direito à detratação. Associou o iFood ao “banditismo”, às “milícias” e a um “sistema jagunço” na gestão dos trabalhadores que usam a plataforma digital para gerar renda para si e suas famílias.
A peça difamatória do sociólogo tem 11 parágrafos. Neles, em oito passagens, usa verbos no modo condicional para ludibriar o leitor e convencê-lo de que está diante de uma tese. Os negritos a seguir ilustram isso: “Ameaças físicas e de morte começariam…”; “É através dos chefes Operadores Logísticos que o iFood montaria seu sistema jagunço…”; “E assim o iFood faria uso, mesmo que tacitamente, de um sistema jagunço que pode ameaçar até de morte os entregadores que “incomodam”…”; “…é possível ouvir de motoboys que os chefes Operadores Logísticos do iFood em São Paulo seriam frequentemente irmãos do conhecido crime organizado que domina as periferias da cidade…”; “O iFood teria dado preferência à modalidade que é supostamente gerida com participação do crime organizado…”; “Em um áudio vazado, alguém que parece ser um administrador do iFood dá diretivas a um provável Operador Logístico para que constranja os entregadores a não participar da greve…”; “…o iFood inovou com um sistema de gestão dessa força de trabalho que se aproveitaria do banditismo que se espalha pelas cidades…”; “…não esperemos a sensibilização dos fundos de investimento estrangeiros quando souberem que apoiam uma empresa que faria uso do banditismo para “disciplinar” os trabalhadores…”.
A sequência acusatória atinge seu auge nesta frase: “No Rio de Janeiro os chefes OL do iFood têm ameaçado entregadores que se mobilizam, supostamente com uso da milícia para impedir protestos e piquetes…”.
Usar a liberdade de expressão e opinião para promover fake news é, sem dúvida, um atentado ao processo democrático. Usar a titulação acadêmica para sustentar seu discurso, fundado em não-verdades, corrompe qualquer iniciativa que busque promover o pensamento crítico, a reflexão e o debate de temas prementes da sociedade.
Diante do inadmissível, vamos aos fatos. O iFood tem 10 anos de atuação no mercado de entrega de alimentos e mais de 4.000 funcionários. Em média, faz 60 milhões de entregas por mês. Está presente em mais de 1.200 cidades do Brasil, por meio de parcerias com 270 mil restaurantes que usam a plataforma para alavancar negócios. Além disso, em 400 municípios, 5.000 mercados fazem entregas por meio do aplicativo.
A operação o iFood conta com cerca de 200 mil parceiros entregadores. Desses, 75% atuam de forma autônoma e independente. Constituem o que chamamos de nuvem. Os outros 25% fazem parte dos times dos Operadores Logísticos (OLs), empresas com equipes próprias de mensageiros que atuam em diversos cenários, por exemplo, em localidades específicas (como shoppings), abertura de novas regiões e complemento da oferta logística em determinados dias e horários.
Para serem contratados pela plataforma, os OLs são submetidos a uma rigorosa análise de dados cadastrais e situação na Receita Federal, dados financeiros, processos trabalhistas, regularidade de certidões tributária, infrações trabalhistas, trabalho escravo, conflitos de interesse, pessoas politicamente expostas e antecedentes criminais. Todos estão submetidos ao Código de Conduta e Ética do iFood, que orienta tanto os nossos funcionários como parceiros e fornecedores.
O iFood sistematicamente promove ações de escuta dos entregadores, por meio de pesquisas de opinião. Conta também com equipe de especialistas dedicados ao aprimoramento do relacionamento com os trabalhadores. Todos os 200 mil entregadores cadastrados na plataforma dispõem de canais específicos no aplicativo para denunciar abusos e maus-tratos no exercício de sua atividade. Os casos são apurados em detalhes. O anonimato do denunciante é assegurado. A empresa nunca se omitiu de punir qualquer integrante do seu ecossistema que tenha desrespeitado direitos constitucionais de livre expressão e manifestação ou praticado qualquer forma de discriminação ou abuso de poder.
A segurança física e a proteção à saúde fazem parte dos direitos de qualquer entregador que utiliza a plataforma do iFood, independentemente de ser nuvem ou OL. De março de 2020 até junho de 2021, por exemplo, já foram investidos R$ 133 milhões para proteger todos os entregadores com fundos de apoio – desse total, R$ 30 milhões foram destinados a um fundo que assegura rendimentos para quem precisa se afastar do trabalho por ter contraído a covid-19 ou por fazer parte de grupos de risco. Mais R$ 41 milhões foram destinados para a distribuição de mais de 4 milhões de itens de proteção, como álcool em gel e máscaras.
Desde 2019, todos entregadores que estão ativos no aplicativo têm direito a seguro de acidentes pessoais e de vida. A apólice contempla a cobertura das rotas de entregas e ainda o retorno do trabalhador para casa. O seguro cobre atendimento médico e odontológico de emergência, invalidez permanente total/parcial e morte acidental. Desde setembro do ano passado, eliminou o valor mínimo de franquia, que é comum em seguros, e é válido inclusive para os casos retroativos.
Qualquer um que tiver interesse pode usar o pacote de vantagens em saúde da AVUS com isenção de mensalidade. Com isso, os entregadores têm acesso a preços acessíveis e descontos de até 80% em consultas médicas, odontológicas, exames, medicina de apoio, medicamentos e farmácias credenciadas. As vantagens são válidas também para um dependente, sem a necessidade de vínculo familiar. Hoje, são 41 mil entregadores e 28 mil dependentes cadastrados. O índice de satisfação com o benefício é de 94%.
Para o iFood, no entanto, os cuidados com os entregadores não se resumem ao que foi exposto. É preciso mais. Guiada pelo princípio de que é primordial assegurar a dignidade aos milhões de trabalhadores que usam plataformas digitais para prestar serviços (motoristas, médicos, encanadores, manicures e outros), a empresa considera que é a hora de o país se dedicar ao debate intenso sobre a regulação da relação trabalhista no ambiente da nova economia.
Ter acesso à Seguridade Social, garantia de ganhos mínimos, proteção à saúde e segurança física são temas essenciais para integrar uma pauta que promova o diálogo entre os trabalhadores, as plataformas digitais, as autoridades públicas, a academia e a sociedade civil organizada para a construção conjunta do marco regulatório. Além disso, indiscutivelmente, a liberdade de escolha, a independência e a autonomia são direitos desses profissionais que devem ser reconhecidos e valorizados.
Esse é um processo democrático que gera o ganha-ganha-ganha. Ganham os trabalhadores, que passam a contar com seguridade mínima. Ganham as empresas, que passam a ter segurança jurídica para investir e inovar. E ganha a sociedade, com a inclusão de milhares de trabalhadores no sistema de Seguridade Social.
A hora de construir juntos é agora.