E Trump teve sua vingança
Donald Trump não retorna à Casa Branca como um homem isolado que chega à cena política sem rumo claro. Oito anos após sua primeira vitória, sua base eleitoral é mais ampla; sua maioria parlamentar, mais sólida. Além disso, ele se cercou de uma equipe de fiéis aliados que não tentarão conter seus impulsos, inclusive os diplomáticos
Em 2008, a eleição de Barack Obama à Casa Branca parecia anunciar o surgimento de uma nova América, mais diversa, mais inteligente, mais justa. Na época, considerou-se que essa vitória democrata não representava uma ruptura ideológica ou política – o primeiro presidente afro-americano da história de seu país era um intelectual que detestava confrontos –, e sim o resultado de uma metamorfose demográfica e sociológica. Por um lado, a chegada de novos migrantes diluía progressivamente a proporção de eleitores brancos, majoritariamente republicanos. Por outro, novas gerações mais instruídas e, portanto, mais esclarecidas substituíam as antigas, apegadas a tradições ultrapassadas. O anúncio de tamanha felicidade pareceu ainda mais providencial por não exigir quase nenhum esforço ou luta, já que a demografia era elevada à condição de destino político. A boa nova encantou, então, a social-democracia europeia, que enfrentava dificuldades, e inspirou na França a “estratégia Terra Nova”, exposta em maio de…