Esquerda dividida na questão da dívida
Insegurança, imigração, “islamo-esquerdismo”… A campanha das eleições presidenciais francesas de 2022 pode parecer monótona. No entanto, abundam ideias, especialmente na esquerda, que suscitam propostas radicais, amplamente ocultadas pela mídia corporativa. É o caso da anulação das dívidas detidas pelo Banco Central Europeu
A priori, tudo deveria ser muito simples. Durante anos, o aumento da dívida serviu de pretexto para reduzir o financiamento dos serviços públicos, enfraquecer a proteção social e impor uma impopular austeridade. Desse modo, a proposta de cancelar parte desse fardo, formulada em fevereiro por 150 economistas, deveria ter a adesão de toda a esquerda, sobretudo entre os chamados economistas “heterodoxos”. No entanto – cataploft! Com uma troca de textos ácidos na grande imprensa e piadas nas redes sociais, o campo progressista acaba mais uma vez de dar provas de sua desunião. É algo a lamentar? A polêmica surgiu no início do ano passado. Há algum tempo, Baptiste Bridonneau, um jovem doutorando, tem se interessado pela dívida pública “pelo fato de ela ser um pouco alta aos olhos dos governos e, a despeito dos juros baixos, até mesmo muito baixos, eles não invistirem”.1 Observando na época os limites da política…