Estudantes: resignar-se ou lutar
Em um país onde um em cada cinco estudantes não tem comida suficiente, por que o movimento estudantil parece tão apático? Na França, aqueles que, apesar de tudo, decidem se engajar recebem respostas variadas a essa questão. A precarização dificulta a mobilização, a desconfiança em relação à política prejudica os sindicatos, e os grandes temas capazes de unir as pessoas são raros. Uma juventude que oscila de uma reforma a outra…
O que mobiliza os estudantes hoje em dia? E quem se mobiliza entre os 3 milhões de matriculados no ensino superior na França? Seja em nível local ou nacional, os movimentos de contestação tornaram-se menos frequentes nos últimos quinze anos, e os protestos, mais raros. A última mobilização de grande alcance nacional, contra a Lei Relativa à Orientação e ao Sucesso dos Estudantes (chamada de Lei ORE, na sigla em francês), ocorreu em 2018. Ela fracassou. Com a aprovação do Parcoursup, o governo impôs uma seleção para o ingresso nas universidades. Em 1986, centenas de milhares de estudantes e alunos do ensino médio conseguiram barrar a mesma reforma, proposta pelo ministro Alain Devaquet. Vinte anos depois, o contrato primeiro emprego (CPE) foi derrotado e abandonado pelo governo sob pressão dos protestos. Em Maio de 1968, a onda demográfica do pós-guerra veio à tona; faltavam recursos para absorvê-la, especialmente nas novas…