Grandes eventos esportivos pouco estimulam a prática de atividades físicas
De 26 de julho a 11 de agosto, Paris receberá mais de 10 mil atletas e o dobro de jornalistas para os Jogos Olímpicos, “o maior evento já organizado na França”. A produção de excitação continua sendo uma questão muito séria para ser negligenciada pelas autoridades políticas, que visam a todos os públicos, especialmente no campo cultural (ver na pág. 32). Toda a glória aos “vitoriosos”, esse uso do esporte não necessariamente tem as virtudes que lhe são atribuídas
Espetáculo total, os Jogos Olímpicos de Verão ocupam um lugar singular no imaginário coletivo, moldado por um enquadramento midiático consensual. A fuga para o gigantismo, no entanto, mal esconde a lista de compromissos não cumpridos: o dinheiro pulverizou o amadorismo em todas as disciplinas; sanções de natureza variável – contra a Rússia, mas não contra Israel – substituem a trégua antiga; o Comitê Olímpico Internacional (COI), um órgão supranacional, revela-se dos mais opacos; os retornos econômicos efêmeros justificam enormes gastos públicos; as restrições impostas em nome da segurança esmagam as liberdades; as exclamações nacionalistas dos comentaristas anulam todo o espírito de fraternidade entre os povos... Contudo, o que dizer do ponto de vista do próprio esporte? Os Jogos não poderiam desencadear um círculo virtuoso em prol da atividade física? Não há dúvida de que representam um momento único para os atletas qualificados. Sua abnegação para alcançar o mais alto nível…