Fantasmas em torno de uma “ofensiva chinesa” nas Nações Unidas
Na esteira de Donald Trump, diversos comentaristas estimam que a China está no rumo de fagocitar a ONU. Se é difícil medir uma influência difusa, os dados objetivos mostram que a realidade está longe de corresponder à fantasia. Por ora, com objetivos comerciais ou para legitimar suas ações, Pequim visa apenas comandar algumas agências
“É possível contar nos dedos de uma mão os altos funcionários chineses nas Nações Unidas. E não é por falta de cargos de responsabilidade.” O ano é 2005. Wang Jingzhang, diplomata chinês aposentado que por muito tempo foi secretário do Comitê de Sanções para o Iraque, da ONU, queixa-se na imprensa de seu país.1 A pequena corte de funcionários enviada pela China a Nova York é composta, em sua maioria, por tradutores e redatores. Os não linguistas “trabalham dispersos em diversos serviços técnicos ou gerais”. Segundo ele, das oito direções do Secretariado das Nações Unidas, apenas o Departamento para Assembleia Geral e Gestão de Conferências, responsável pela gestão das abarrotadas reuniões, é às vezes deixado para um funcionário chinês, que pode chegar ao posto de secretário-geral adjunto. Na ONU, os chineses sentem-se como se fossem a quinta roda da carroça. Quinze anos depois, o cenário é muito diferente: vários chineses…