GameStop, um populismo de plataforma
Em janeiro deste ano, milhares de pequenos investidores on-line coordenaram suas compras e vendas com o objetivo de aumentar os preços das ações de empresas em que grandes fundos de investimentos tinham apostado na baixa. Aplaudida da direita à esquerda, essa rebelião dos “pequenos” contra os “grandes” revela uma revolução ou um carnaval?
Apesar do caos que semeou nos mercados mundiais, a saga da GameStop não se resumiu a uma história de investidores individuais humilhando um punhado de fundos de investimentos arrogantes. Ela expressa um prolongamento imprevisível da invasão do Capitólio, em Washington, no dia 6 de janeiro passado. Os dois acontecimentos tiveram como protagonistas uma horda de fanáticos por redes sociais que cercaram as instituições sagradas de um establishment profundamente desdenhado. Mas, enquanto houve uma condenação unânime dos agitadores de Washington, os que participaram da cruzada anti-Wall Street se livraram dela. Ao defenderem as ações de empresas mal das pernas contra a ganância dos fundos de investimento, esses revolucionários do underground que usam bandana até ganharam a simpatia de dois campos políticos. Para a contracultura digital, a principal lição a tirar dessas duas sublevações parece clara: os verdadeiros épicos da rebelião contra a ordem estabelecida devem dominar a arte de negociar stock-options…